Em março do ano passado, as primeiras medidas de isolamento social foram implementadas no Brasil para impedir o avanço do coronavírus. Por promover aglomerações, muitas pessoas passaram a evitar o transporte público para se locomover nas cidades. Com isso, uma “velha” conhecida de duas rodas voltou a ganhar o protagonismo nas ruas: a bicicleta.
Ao mesmo tempo, aqueles que estavam acostumados a praticar esportes indoor encontraram nas bikes a possibilidade de manter a rotina de exercícios, mas com um grande e importante diferencial: o ar livre. Com essa tendência fortalecida, segundo dados do governo federal, só no ano de 2020 foi registrada a abertura de 4.800 empresas que desempenham atividades econômicas relacionadas ao setor de bicicletas no Brasil, o que representa um crescimento de 26% em relação a 2019. No Paraná, segundo dados do Cadastro Sebrae de Empresas, são 2.333 negócios ativos no segmento. Em 2020, no estado, foram abertas 302 empresas no ramo e, em 2019, foram 256 novas. A maioria dos negócios são de micro e pequenas empresas.
“É um ramo que está em constante crescimento, representando uma boa oportunidade de negócios para o micro e pequeno empreendedor. Afinal, além da comercialização da bike propriamente dita, os clientes também têm necessidade de equipamentos de segurança (como capacetes, sinalizadores luminosos, óculos) e que tornam o uso das bikes mais confortável”, pontua a consultora do Sebrae/PR, Angélica Weirich.
Renato Muller é empreendedor no ramo, com loja especializada no comércio e serviços para ciclistas, em Curitiba. Ele conta que inaugurou o empreendimento há dois anos, mas que, especialmente na pandemia, contabilizou um aumento significativo na procura por bicicletas.
“Tivemos uma procura alta até agosto do ano passado, mas depois começou a faltar bicicletas no mercado. Com isso, começamos vender até mesmo as bicicletas mais caras que eram as únicas disponíveis”, relata Muller.
Com a situação da pandemia em crescente de casos, inúmeras indústrias do setor precisaram paralisar a produção de bicicletas completas. Percebendo que a demanda continua alta e sem produtos que atendam a procura, Renato decidiu investir em uma nova forma de comercialização. A ideia é comprar separadamente os poucos componentes disponíveis em fábricas diferentes, montar as bicicletas em Curitiba e, com isso, possivelmente até mesmo lançar uma marca própria.
Em Laranjeiras do Sul, no centro-oeste do Paraná, o empreendedor Gilmar Golemba Santana também está animado. A empresa foi inaugurada em meio a pandemia e, por esse motivo, algumas dificuldades foram sentidas ainda no começo da empresa. Porém, segundo ele, a grande procura e aceitação dos clientes está tornando o projeto bem-sucedido.
“No começo, o nosso maior desafio foi a falta de mercadoria. Como muitos produtos são importados, algumas distribuidoras ficaram sem margem de produtos e tivemos que adaptar o nosso estoque. Aos poucos, conquistamos o nosso espaço e agora conseguimos manter um número razoável de produtos, atraindo mais os clientes”, relata Gilmar.
Ainda de acordo com o empreendedor, que começou a vivenciar o mundo das bikes muito antes da loja, quando ainda era ciclista amador, a procura por esse tipo de esporte tem sido cada vez maior e isso tem impulsionado a empresa.
“Vemos que as pessoas têm vinculado a saúde com a prática de esportes e o ciclismo tem sido uma opção bastante procurada porque a partir de variedade de fornecedores, condições de pagamento e produtos, conseguimos vender para pessoas de diversas classes sociais”, destaca o empresário.
Diante desse cenário promissor, a consultora do Sebrae/PR reforça: apesar de ser um nicho em expansão e com crescimento considerável, antes de investir no ramo, é preciso ter certos cuidados.
“É importante gostar da atividade para que possa transmitir entusiasmo aos interessados em iniciar a prática do pedal; observar novidades do mercado e buscar atrair os praticantes através de diferenciais que personalizem o atendimento. O uso de redes sociais com dicas de equipamentos, uso correto dos materiais, compartilhamento de trajetos e a personificação do perfil são fatores bem interessantes para promover a empresa também”, finaliza Angélica.
Assessoria