O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou em 1 ponto porcentual a taxa básica de juros (Selic), para 13,25% - retornando ao mesmo nível de setembro de 2023. A decisão foi unânime e seguiu o guidance forward (indicação para a frente) da reunião de dezembro, que apontava para mais duas altas da Selic da mesma magnitude neste mês e em março. Essa alta na taxa pode impactar seriamente as condições do financiamento rural e interferir o Plano Safra 2025.
Foi a quarta elevação seguida na taxa de juros e a primeira com a autoridade monetária sob a presidência de Gabriel Galípolo.
O Agro Band desta quinta-feira (30) explica como o setor do agronegócio pode ser impactado e quais são as consequências, não somente para a atual safra de alimentos, que já está em andamento, mas para as próximas safras. Felipe Serigatti, da Fundação Getúlio Vargas/Agro explica como o crédito rural pode ser influenciado pela Selic e pressionar o governo federal em relação ao Plano Safra de 2025, fundamental para o desenvolvimento do agronegócio nacional.
O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, se reuniu, antes do anúncio da nova taxa de juros, com o ministro da fazenda, Fernando Haddad e disse que a escalada de juros vai dificultar a definição do Plano Safra 2025/2026, mas que o governo terá que estudar formas de deixar as taxas de juros atrativas para financiar a produção de alimentos básicos como arroz, feijão e hortaliças. A preocupação, porém, mira para a produção de produtos como carnes, café e óleo de soja, que já são os que mais impactam a inflação.
Na “superquarta” (29), o Copom emitiu um comunicado informando que a elevação da Selic é "compatível" com a sua estratégia para levar a inflação de volta à meta. O BC afirma que o cenário atual exige uma política monetária mais contracionista (de alta de juros). "O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista", diz o texto.
O comitê manteve a perspectiva de um novo ajuste de 1 ponto na Selic na reunião de março, mas afirmou que para as reuniões seguintes a "magnitude do ciclo será ditada por compromisso/convergência" das taxas de inflação.