O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) divulgou, em parceria com a Associação Brasileiras das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o resultado do produto interno bruto (PIB) da cadeia produtiva da soja e do biodiesel em 2023. De acordo com o levantamento, o PIB do setor foi de R$ 635,8 bilhões, 21,03% a mais do que o registrado no ano anterior.
Segundo os pesquisadores, o bom desempenho do biodiesel e a supersafra de soja contribuíram para o resultado positivo. Apesar do resultado, o levantamento mostrou que a renda real da cadeia produtiva caiu 5,34% em comparação com 2022, por conta da queda dos preços dos produtos ofertados no mercado, tanto interno quanto externo.
“Não é uma queda grande de renda. O indicador depende de preço agropecuário e agroindustrial que são voláteis, então o indicador de renda é muito variável também. Essa queda, frente ao patamar de 2022, que foi bem elevado, não é um resultado ruim”, ressaltou Nicole Rennó, pesquisadora do Cepea.
Os resultados apresentados mostraram que a cadeia produtiva do setor foi determinante para os números do PIB brasileiro no ano passado. Segundo o levantamento, a produção de soja e biodiesel foi responsável por 23,2% do produto interno bruto do agronegócio, e equivalente a 5,9% de tudo o que foi produzido no país no ano passado.
Postos de trabalho
No ano passado, a população ocupada na cadeia da soja e do biodiesel alcançou 2,3 milhões de pessoas, 10,74% acima do ano anterior. Esse patamar de crescimento, segundo os pesquisadores, se mantém desde 2012, com um resultado agregado superior a 1 milhão de empregados gerados.
“Isso é um recorde. Dentro do agronegócio, a cadeia também apresenta melhores índices de formação dos trabalhadores, com 26% dos empregados com ensino superior, contra 17% do agronegócio. E 76% dos trabalhadores possuem carteira assinada”, explicou o pesquisador do Cepea, Rodrigo Peixoto.
Exportações
Em 2023, o valor exportado pela cadeia produtiva atingiu US$ 67,6 bilhões, superando o ano anterior em 10,24%. Para os pesquisadores, os maiores volumes embarcados (alta de 24,59%) e a queda nos preços das exportações (redução de 11,52%) foram os maiores responsáveis pelo resultado. A soja foi o produto mais exportado, 40,39% do total.
A China se manteve como o principal comprador do país, absorvendo 58% dos produtos de soja e biodiesel. Já os países integrantes da América do Norte aumentaram em 143,41% as compras dos produtos da cadeia produtiva no ano passado, em comparação com o período anterior.
Esse resultado, de acordo com o levantamento, manteve o Brasil como o maior exportador de soja in natura do mundo e fez o país atingir a liderança na venda internacional de farelo de soja, ultrapassando a Argentina, que passou em 2023 por uma quebra na safra do grão.