A
dependência do transporte rodoviário para a logística de grãos no Brasil está
em processo de diminuição, embora ainda represente mais de 65% do escoamento
total. Um estudo recente realizado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em
Logística Agroindustrial da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, aponta mudanças significativas
no cenário logístico entre 2010 e 2023.
De
acordo com a pesquisa, a distância média de transporte para grãos no Brasil é
de 865 quilômetros, uma medida considerada elevada. O transporte rodoviário, por
ser menos eficiente em termos energéticos, apresenta custos altos, o que
impacta negativamente a competitividade do setor. A pesquisa revelou que o
transporte de soja por rodovias caiu de 75% para 69%, enquanto a dependência do
milho diminuiu de 84% para 76%.
A
transição para outros meios de transporte tem ocorrido de forma gradual. As
ferrovias, por exemplo, aumentaram sua participação no escoamento da soja para
22% e do milho para 17%. As hidrovias, por sua vez, registraram percentuais de
9% para a soja e 8% para o milho.
No que
diz respeito aos portos brasileiros, a pesquisa destaca uma significativa
dependência do transporte rodoviário, especialmente em estados como Rio Grande
do Sul e Maranhão. No Rio Grande do Sul, a participação dos caminhões no escoamento
subiu de 57% para 90%, enquanto em São Luís, Maranhão, a dependência aumentou
de 10% para 48%. Em contrapartida, o Porto de Santos, um dos mais importantes
do Brasil, registrou a menor dependência rodoviária em 2023, com 33% dos
embarques movimentados por caminhões e 67% por ferrovias.
Embora
o transporte rodoviário continue a ser predominante, a pesquisa aponta uma
redução no volume de cargas movimentadas por esse meio. A dependência das
rodovias gera custos logísticos elevados, que impactam entre 15% e 40% no preço
final dos produtos entregues nos portos.
Em
contrapartida, o transporte ferroviário tem apresentado um crescimento
considerável, com um aumento de 64% no volume de carga transportada. Dados da
Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários indicam que, em 2023, o
transporte ferroviário continua a ganhar força, contribuindo para uma logística
mais eficiente e menos dependente do modo rodoviário.