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Especialista esclarece mitos sobre o molho de tomate no Brasil

Notícias falsas afetam não apenas a percepção pública, mas também a economia agrícola, os produtores, e os consumidores que podem ser desencorajados de consumir um alimento saudável e acessível
06 ago 2024 às 18:13
Por: Band
- Ilustrativa

Nos últimos anos, o molho de tomate, um dos alimentos mais populares do Brasil, tem sido alvo de uma onda de desinformação e falsas notícias. Diferentes mitos e boatos têm colocado os atomatados na lista dos alimentos pouco saudáveis e despertado a insegurança das pessoas sobre seu consumo. Dessa forma, o coordenador de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Fugini, Cassilândio Paiva, esclarece alguns equívocos disseminados, além de destacar os benefícios nutricionais dos atomatados, tão presentes na dieta da população.


Recentemente, surgiram rumores nas redes sociais sobre a presença de objetos estranhos e outras impurezas nos molhos de tomate produzidos por diferentes marcas brasileiras. Tais boatos, que repercutem falsas informações, prejudicam um setor comprometido com o controle de qualidade e a segurança alimentar, além de despertar uma série de dúvidas e receios nos consumidores. O que algumas pessoas pensam ser “bichos” ou partes de insetos é, na verdade, bolor – uma ocorrência natural em produtos perecíveis, especialmente quando não são armazenados adequadamente.


“As embalagens industrializadas de molho de tomate são produzidas automaticamente desde a formação, enchimento e fechamento, o que impossibilita a entrada de qualquer corpo estranho nesses produtos. No entanto, quando não manejadas corretamente, especialmente nos pontos de venda, essas estruturas podem ter pequenas perfurações, imperceptíveis a olho nu, que permitem o contato do produto com o ar do meio ambiente e, consequentemente, o surgimento do bolor”, explica Paiva.


Falsas notícias sobre o molho de tomate


As falsas notícias, ou fake news, têm se tornado uma ferramenta na disseminação de informações errôneas. Veiculadas sem o devido cuidado ou apuração junto aos fabricantes dos molhos de tomate, elas afetam não apenas a percepção pública, mas também a economia agrícola, os produtores, e os consumidores que podem ser desencorajados de consumir um alimento saudável e acessível.

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Atualmente o segmento do tomate industrial, responsável pela fabricação de diferentes versões de alimentos atomatados, emprega cerca de 130 mil pessoas, principalmente em estados como Goiás, São Paulo e Minas Gerais, onde essas indústrias concentram a maior parte de sua atuação. Ou seja, o impacto dessas falsas notícias pode comprometer uma imensa cadeia produtiva e seus diversos protagonistas.


Raimes Basilio, engenheiro agrônomo e consultor agrícola da Associação Brasileira dos Processadores e Utilizadores de Tomate Industrial (Tomate BR) lembra que o tomate consumido in natura não é o mesmo utilizado pela indústria para a produção de molhos, extratos, purês e ketchups.


“O tomate para processamento, por exemplo, cresce de forma rasteira e em contato com o solo, é cultivado em larga escala de áreas e com a utilização de alta taxa de mecanização. Já o tomate para consumo direto, geralmente, é produzido em áreas menores e com baixo emprego de mecanização, sendo cultivado, em sua maioria, por agricultura familiar”, destaca Basilio.


 Processos de produção


Os produtores de molho de tomate seguem rigorosos protocolos de segurança. Inspeções frequentes e controles de qualidade garantem que produtos contaminados não cheguem ao consumidor. Grandes empresas brasileiras investem continuamente em tecnologia e inovação para assegurar que seus produtos sejam seguros e nutritivos.


Entre esses protocolos de segurança, algumas empresas empregam diferentes etapas em suas indústrias, como a classificação de qualidade dos tomates que serão processados e a presença de diferentes filtros ao longo de toda a produção, desde o início até o envase, que impedem a entrada de qualquer corpo estranho que não seja o próprio tomate.


“Para realizar a concentração da polpa são usados equipamentos a vácuo que realizam o processo em altas temperaturas e mantêm a matéria prima lacrada, sem qualquer contato com o ambiente. O molho, quando pronto, é envasado de forma totalmente automatizada e sem nenhum contato manual, o que também impede a entrada de qualquer corpo estranho no interior da embalagem”, informa Moretto.


 Selos de qualidade


O tomate é uma fonte rica de vitaminas, minerais e antioxidantes, desempenhando um papel crucial na alimentação balanceada. Por ser amplamente consumido, ele se torna um alvo fácil para desinformações. Contudo, é essencial que os consumidores recebam informações precisas e confiáveis para tomar boas decisões sobre sua alimentação.


Atualmente, embora a presença de açúcar e amido nos molhos possa ser motivo de dúvidas sobre a qualidade do molho, vale destacar que esses ingredientes têm funções específicas que melhoram o sabor, a textura e a conservação do produto. Assim como em outras categorias de alimentos, existem molhos de tomate mais saudáveis, que podem ser identificados a partir do rótulo.


Segundo o químico industrial, para essa escolha, o consumidor deve se atentar se o primeiro ingrediente listado no rótulo é o tomate e se a embalagem não traz os selos que destacam a presença de altas adições de sódio, açúcar e gordura saturada, que nesse caso, em excesso, são prejudiciais.


“A fim de padronizar a quantidade de tomate contida em cada embalagem, valorizando esses itens ao consumidor, estamos apoiando a Tomate BR  na criação de um selo de qualidade para a categoria de atomatados no Brasil. Mas enquanto não concluímos essa etapa, ter atenção ao rótulo, à lista de ingredientes e ao valor nutricional fornecido por esses produtos pode ajudar a fazer uma boa escolha, tanto em termos de sabor e textura como na qualidade do atomatado de maneira geral”, conclui a Raissa Ninelli, diretora da Fugini.

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