As tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump para os produtos brasileiros pode comprometer severamente o setor produtivo de frutas do Brasil, especialmente o Vale do São Francisco, que engloba áreas de agricultura da Bahia e Pernambuco. Agosto marca o mês de início das exportações de frutas para os Estados Unidos e, com as tarifas, que devem ser aplicadas em 1 de agosto, as vendas podem ser interrompidas.
O AgroBand desta quarta-feira (23) foi até Petrolina (PE) acompanhar de perto a situação e a preocupação dos produtores rurais locais. A medida de Trump, se aplicada, poderá comprometer severamente a produção de mangas e uvas, principalmente, além de outros setores, como o de suco de laranja.
O maior problema é que a janela de exportações de frutas para os Estados Unidos começa em agosto, exatamente no período em que as tarifas devem começar a valer. Até o mês passado, os produtores estavam animados para colher, neste ano, a maior safra de manga da história, mas o anúncio das tarifas mudou o cenário. A aplicação da taxa vai pegar o setor de manga bem no início da colheita, que vai de agosto a novembro.
A região do Vale do São Francisco, que engloba partes de Pernambuco e Bahia, é um polo de irrigação crucial para o país e gera aproximadamente 1.200.000 empregos diretos e indiretos. A manga, especialmente a variedade Tommy, é a preferida dos americanos e representa uma parcela significativa das exportações. No ano passado foram exportadas quase 260.000 toneladas, das quais 38.000 tiveram como destino os Estados Unidos".
Com a possibilidade de uma taxação de até 50% sobre o comércio com os americanos, a preocupação entre os fruticultores é palpável. O AgroBand conversou com o produtor de frutas Amauri, que cultiva 50 hectares de manga Tommy e compartilha que "esse produto não vai ter como ser redirecionado para outro mercado externo e o mercado interno também não comporta essa quantidade de fruta". Se a manga não for colhida conforme o programado, haverá perdas significativas nas plantações.
Diante do agravamento da crise, a expectativa por um adiamento na aplicação da tarifa ganhou força. A grande novidade pode ser tirar essa tarifa ou, se não, jogar isso para frente, jogar para daqui a 90 dias". Enquanto isso, a comunidade aguarda ansiosamente por uma resolução que possa mitigar os impactos dessa medida no setor frutífero, crucial para a economia local e para os meios de subsistência de milhares de famílias.
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