O greening, doença que atinge pomares citrícolas em todo o mundo, já contaminou 47% da produção de laranjas na região do Cinturão Citrícola brasileiro (São Paulo e Triângulo Mineiro). De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), são 100 milhões de árvores contaminadas, de um total de 209 milhões de pés de laranja cultivados na safra 2025/2026. A produção foi estimada em 306,7 milhões de caixas de 40,8 kgs. A projeção foi divulgada pelo Fundecitrus nesta quarta-feira (10) e representa uma redução de 2,5% em relação à estimativa apresentada no início da safra.
A doença exige a extinção de árvores de laranja, pois provoca a queda de frutos e as plantas se tornam vetores de contaminação. De acordo com o Fundecitrus, no Cinturão Citrícola a média de queda de frutos está em 22%, um índice mais intenso do que os registrados nas outras regiões do Brasil com alta incidência de greening.
O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, recorda que a severidade média do greening no cinturão citrícola, de acordo com o levantamento anual produzido pela instituição, subiu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% seu potencial produtivo. “Esse aumento significativo da severidade dos sintomas nas árvores tem impacto direto no aumento da taxa de queda prematura da fruta, sendo o fator determinante para a redução da safra nesta primeira reestimativa”, analisa Ayres.
De acordo com o Fundecitrus, baseado em dados da Climatempo Meteorologia, a precipitação média acumulada no cinturão citrícola entre os meses de maio a agosto de 2025 foi de 94 milímetros, 33% a menos do que a média histórica (1991-2020). Apenas a região de São José do Rio Preto teve precipitação acima do histórico (21%). No entanto, as chuvas ocorridas entre abril e junho garantiram umidade suficiente no solo.
Colheita da safra de laranja
Até meados de agosto, apenas 25% da safra atual havia sido colhida, um ritmo significativamente mais lento do que o verificado na safra anterior, que já estava em torno de 50% nesse período. A colheita das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi chegou a 68%, enquanto a das outras precoces alcançou 75%. A colheita da Pera atingiu 17%. Em relação a variedades tardias, as colheitas da Valência e Folha Murcha somam 1% e a da Natal, 2%.
A colheita mais tardia desta safra está relacionada com a elevada concentração de frutos da segunda florada e à priorização da colheita no ponto ideal de maturação para obtenção de suco de melhor qualidade. Com isso, observa-se um aumento na taxa de queda prematura de frutos, sobretudo em árvores afetadas pelo greening e submetidas a maior déficit hídrico e temperaturas mais amenas no inverno.