Em um artigo publicado recentemente na revista Nature, o Dr. Maximilian Kotz, da Universidade de Potsdam, e sua equipe de economistas alertam sobre o impacto crescente das mudanças climáticas na inflação de alimentos. A pesquisa, com análise de dados climáticos de 121 países entre 1996 e 2021, indica que temperaturas mais altas estão elevando os preços dos alimentos de forma persistente, uma tendência que pode se agravar até 2035.
O estudo identificou que o aumento da temperatura média global pode pressionar a inflação de alimentos entre 0,92 e 3,23 pontos percentuais, afetando tanto países de alta quanto baixa renda. Os pesquisadores destacam que as flutuações climáticas, como as ondas de calor extremo, têm impacto direto no aumento dos custos de produção agrícola, resultando em margens mais apertadas e em uma demanda reduzida. Esse fenômeno não afeta apenas o bolso dos consumidores, mas também gera instabilidade política e sociais, como desemprego e migrações forçadas em busca de melhores condições de vida.
Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, membro do Conselho Científico Agro Sustentável e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica, comentou sobre a relevância de estudar os impactos das mudanças climáticas nas cadeias de valor agrícola. Segundo Gazzoni, o investimento em ciência e tecnologia é fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O estudo ressalta a necessidade urgente de políticas públicas que integrem medidas de adaptação climática para garantir a estabilidade dos preços dos alimentos e o bem-estar social. Os próximos anos são decisivos. O aquecimento global e os desastres climáticos, como as recentes enchentes no Brasil, mostram a urgência de estratégias eficazes para proteger a produção agrícola e a economia mundial.