A estatal Petrobrás divulgou, nesta quarta-feira (8) que a Refinaria de Petróleo Riograndense, em Rio Grande (RS), processou, pela primeira vez, 100% de óleo de soja em uma unidade de refino industrial. O objetivo da empresa usar matérias-primas orgânicas para gerar produtos petrooquímicos integralmente renováveis, inclusive gasolina e borracha.
O teste foi realizado entre o fim de outubro e início de novembro, a partir de acordo de cooperação assinado, em maio de 2023, entre as empresas que têm participação acionária na RPR (Petrobras, Braskem e Ultra). O acordo previa a utilização das unidades da refinaria para a realização do teste com tecnologias desenvolvidas pelo Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação (CENPES).
O processamento de matéria-prima 100% renovável em unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) é o primeiro do mundo.
A refinaria está se preparando para a produção de insumos petroquímicos e combustíveis renováveis, como GLP, combustíveis marítimos, propeno e bioaromáticos (BTX - benzeno, tolueno e xileno), usados nas indústrias da borracha sintética, nylon e PVC. Foi identificado, ainda, que os teores alcançados de concentração de BTX, empregando catalisadores, são capazes de atender aos níveis exigidos para formular gasolinas de elevado desempenho, praticamente isenta de enxofre.
O teste industrial teve início na última semana de outubro, quando a RPR recebeu o carregamento de duas mil toneladas de óleo de soja e realizou uma parada de manutenção para preparar a unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) para receber e processar a matéria-prima. No dia 1º de novembro, iniciou, então, o processamento da carga 100% renovável, comprovando a viabilidade da operação.
Já está programada para junho de 2024 a realização do segundo teste, que será por meio do coprocessamento de carga mineral com bio-óleo (matéria-prima avançada de biomassa não alimentar), gerando propeno, gasolina e diesel, todos com conteúdo renovável. A Petrobras está investindo em torno de R$ 45 milhões para viabilizar a conclusão do desenvolvimento de processamento de carga renovável.
Para o diretor-superintendente da RPR, Felipe Jorge, com a tecnologia da Petrobras, o biorrefino chega como estratégia de transição efetiva para o futuro: “O primeiro passo foi dado. A tecnologia da Petrobras licenciada para a Riograndense vai nos permitir, já no próximo ano, produzir renováveis sem deixarmos de atender nosso atual mercado de produtos e combustíveis”.