As tarifas norte-americanas sobre para o café já estão provocando uma alta de preços. O diretor geral do Cecafé (Conselho de Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, à Rádio Bandeirantes, explicou quais são os principais desafios e as estratégias do setor para negociar uma redução de tarifas. Matos expressou sua surpresa e desapontamento com a manutenção das altas taxas, apesar do significativo impacto econômico que o café brasileiro tem no mercado americano.
"Cada 1 USD que os Estados Unidos importam de café gera 43 USD na nossa economia", destacou Matos, apontando para a relevância do produto na geração de empregos e na contribuição para o PIB americano. Ele também mencionou que o Brasil, como maior produtor e exportador global de café, enfrenta uma competição desigual em relação a outros países que possuem acordos bilaterais e, consequentemente, taxas diferenciadas.
Apesar de outros países produtores como Vietnã, Indonésia e Nicarágua terem alíquotas variando entre 10% e 20%, o café brasileiro ainda sofre com tarifas elevadas, o que coloca o Brasil em desvantagem. "Os estoques mundiais de café estão nos seus menores níveis desde 1990", revelou Matos, enfatizando a importância de uma produção sustentável frente ao crescente consumo global.
A diplomacia brasileira, segundo Matos, tem um papel fundamental nesta negociação, porém ele sinalizou uma ausência notável de apoio em momentos cruciais. "É o suporte da diplomacia absolutamente fundamental", afirmou, ressaltando a competência do Itamaraty na área comercial.
Matos criticou a abordagem política da situação, mencionando que a politização do tema pode não ser a estratégia mais benéfica. Ele defende uma separação entre os aspectos políticos e econômicos, focando nas ações práticas que podem ser implementadas para beneficiar ambos os países envolvidos.
O diretor geral do Cecafé ainda apontou para o potencial de negociação de tarifas com outros parceiros comerciais, dado que o café brasileiro também enfrenta taxações elevadas em mercados como China e União Europeia. "A gente sabe que no caso dos cafés verdes, a gente tem taxas que ocorrem. Por exemplo, a China taxa em 8% dos cafés verdes", explicou Matos, indicando a necessidade de novos acordos comerciais que possam fortalecer a posição do Brasil no mercado global de café.
Com a persistência das tarifas elevadas e o impacto na competitividade do café brasileiro, Marcos Matos e a Secafé continuam trabalhando para atualizar a lista de produtos tarifados e buscar uma resolução que favoreça o comércio justo e equitativo. "Nós temos muitos capítulos à frente, então a gente sabe que a batalha só está começando", concluiu Matos, demonstrando um compromisso contínuo em ajustar estratégias e negociar melhores condições para o café brasileiro nos mercados internacionais.