O Sistema de Plantio Direto (SPD), cuja importância foi celebrada no Dia 23 de Outubro, é uma técnica fundamental que protege o solo agrícola. Originada no Paraná no início da década de 1970, a técnica consiste em manter a palhada da colheita anterior sobre o solo, minimizando o revolvimento da terra e abrindo covas apenas para a semeadura. Esta abordagem confere maior conforto ao produtor, pois a cobertura vegetal torna a lavoura mais tolerante a estresses climáticos, como secas ou veranicos, se comparada ao plantio convencional.
Os princípios completos do SPD envolvem três pilares: o mínimo revolvimento do solo, a manutenção permanente da cobertura vegetal e a diversificação de culturas (rotação de culturas). O uso integral desses princípios é essencial, especialmente em clima tropical, pois favorece a redução no uso de pesticidas químicos. Atualmente, o plantio direto é aplicado em 40% da área produtiva do Brasil, totalizando mais de 30 milhões de hectares.
Apesar da alta adoção da técnica principal, uma pesquisa conduzida pelo Instituto Escolhas com produtores de soja de Mato Grosso, Goiás e Paraná apontou falhas na aplicação completa do sistema. O levantamento mostrou que a rotação de culturas é adotada em apenas 31% das propriedades, e a cobertura vegetal permanente em somente 15%. Segundo a análise, muitos agricultores implementam o plantio direto, mas não o sistema completo.
Essa adoção parcial tem um efeito colateral negativo: ao ignorar a rotação de culturas, o produtor acaba demandando mais herbicidas sintéticos. A pesquisa alerta que, embora conservem o solo com o plantio direto, o uso intensivo de produtos químicos causa danos. O sistema exige uma visão cíclica do produtor, compreendendo que a ação atual na lavoura terá impacto nas próximas tomadas de decisão e na saúde do solo a longo prazo.