O outono chegou e com ele a paisagem do campo no sul do Brasil começa a mudar. As lavouras de soja e milho vão dando lugar ao trigo e outras culturas de inverno.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um aumento de 4,6% na área de plantio de trigo em relação à safra anterior, totalizando 1,1 milhão de hectares no Estado. Esse crescimento é impulsionado tanto pelo preço atrativo quanto pela crescente demanda interna, além dos incentivos governamentais visando reduzir a dependência do país pela importação do grão.
No Paraná, o trigo assume um papel de destaque entre as culturas de inverno. O plantio já se inicia na região Norte, onde o clima ainda é mais ameno, e progressivamente se estende às áreas mais frias do Estado, finalizando até junho. Os agricultores, naturalmente, monitoram de perto as previsões do tempo, moldando suas estratégias.
Na Belagrícola, importante player do agronegócio no sul do Brasil, com sede em Londrina (PR), a cultura do trigo também está na pauta neste período do ano.
O engenheiro agrônomo da empresa, Alexandre Yamamoto, destaca a transição do El Niño para a La Niña, sinalizando um inverno mais úmido e frio na região sul do Brasil. Esse cenário tende a favorecer o desenvolvimento das plantas ao garantir uma maior disponibilidade de água no solo durante o ciclo da cultura, ao mesmo tempo que reduz o estresse hídrico, essencial para uma produção saudável. No entanto, há desafios a serem enfrentados, como o excesso de chuvas, que pode complicar o plantio e a colheita, e as geadas tardias, que representam uma ameaça às plantas em desenvolvimento.
O momento do plantio é importante para o sucesso da safra, alerta Yamamoto. O atraso, muitas vezes causado por condições climáticas desfavoráveis, pode resultar em uma série de complicações, incluindo a redução da produtividade, o aumento de doenças e pragas, além de dificuldades na colheita e na qualidade dos grãos. Por outro lado, diz o engenheiro agrônomo, semear no tempo adequado traz uma série de benefícios, como a menor incidência de doenças e pragas, a melhoria da qualidade dos grãos e a possibilidade de cultivo subsequente de outras culturas, otimizando o uso da terra.