Uma perícia realizada pela Polícia Científica de Santa Catarina confirmou que a bebê Kiara Crislayne de Moura dos Santos, que teria apresentado sinais de vida durante o próprio velório, já estava morta. O caso aconteceu no último sábado (19) em Correia Pinto, na Serra Catarinense. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) investiga uma possível negligência médica.
De acordo com o laudo cadavérico, solicitado com urgência pelo MPSC, a bebê morreu por volta das 3h de sábado. O atestado de óbito do hospital foi mantido, confirmando que Kiara já estava sem vida. O médico legista responsável pela análise ressaltou que é possível que um corpo apresente calor e, ainda assim, não tenha sinais vitais, como pulsação, mesmo sem estar conectado a aparelhos. Embora o documento oficial seja sigiloso por envolver uma criança, o legista apontou possíveis razões para a percepção de calor e leituras de pulso e saturação no oxímetro durante o velório.
Família denuncia sinais de vida
Os familiares de Kiara, que completaria nove meses nesta segunda-feira (21), relataram que durante o velório, no sábado (19), perceberam que o corpo da bebê estava quente e que ela mexia os braços e as mãos dentro do caixão. Preocupados, acionaram um farmacêutico, o Conselho Tutelar e o Corpo de Bombeiros, que constataram sinais de pulsação, batimentos cardíacos fracos, saturação e pupilas contraídas, mas não reagentes. Além disso, partes do corpo da criança estavam arroxeadas, o que intensificou a desconfiança de que ela poderia estar viva.
Imediatamente, a bebê foi levada novamente ao hospital pela equipe dos bombeiros. Um eletrocardiograma foi realizado e, mais uma vez, confirmou o óbito da criança.
Investigação de possível negligência
O Ministério Público solicitou o laudo cadavérico após a denúncia da família e também está aguardando um segundo exame, um laudo anatomopatológico, que deverá detalhar a causa da morte. Esse exame tem previsão de conclusão em até 30 dias e poderá esclarecer se houve algum erro ou negligência no atendimento inicial de Kiara, realizado no dia 17 de outubro, ou em alguma outra fase do processo médico.
O objetivo do Ministério Público é entender se houve falha na condução do caso por parte dos profissionais de saúde, especialmente no primeiro atendimento prestado à criança. A partir do laudo conclusivo, o órgão poderá tomar as devidas providências judiciais.
Pronunciamento oficial da prefeitura
Em nota oficial, a Prefeitura de Correia Pinto lamentou a morte de Kiara e afirmou que a Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, onde a criança foi atendida, seguiu todos os protocolos de atendimento. A prefeitura destacou que nenhum profissional de saúde pode emitir atestados de óbito ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente.
A prefeitura reafirmou o compromisso de proporcionar o melhor atendimento possível à população e informou que todos os profissionais de saúde da cidade são treinados e orientados a priorizar a vida e o bem-estar dos cidadãos.
Sepultamento
Kiara Crislayne foi sepultada no domingo (20), em meio à comoção dos familiares e à continuidade das investigações. O laudo final, que será entregue em 30 dias, deverá lançar luz sobre os detalhes que cercam esse caso que mobilizou a pequena cidade de Correia Pinto e a região.
