Uma história que mistura lavagem de dinheiro e corrupção com integrantes do PCC e policiais civis. Nas declarações do delator do PCC, um delegado e um investigador presos teriam pedido R$ 40 milhões para devolver um pen drive apreendido pela polícia.
Vinícius Gritzbach, que sempre negou ser autor do duplo homicídio contra Cara Preta e Sem Sangue, e que, três anos depois, acabou executado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Na gravação da delação, ele aparece ao lado de advogados. Ele é interrogado por promotores do GAECO e do Ministério Público.
O delator citou que o delegado Fabio Baena, preso pela Polícia Federal, teria ligado para o advogado do próprio celular. Ivelson fez a defesa de Vinícius na época em que ele foi preso temporariamente e, hoje, defende PMs que faziam a segurança particular de Gritzbach no dia do crime.
Procurado pelo Brasil Urgente, o advogado disse que Viníucs mentiu sobre ter sido indicado por Baena e que também é falsa a informação de que o delegado teria pedido propina ao empresário por intermédio do advogado, como Vinícius cita no trecho a seguir:
“No dia da prisão tinham alguns cheques... foram liberados já, não foram para perícia. E depois ele falou que o Eduardo, o Baena, pediram a quantia de 30 a 40 milhões de reais que eu tinha em um pendrive, eu não tinha esse pendrive”, disse.
De acordo com Gritzbach, os policiais civis que o investigam pelo duplo homicídio acreditavam que ele possuía a chave de R$ 60 milhões em criptomoedas dentro do pendrive. Vinícius negava. A possível senha das criptomoedas é o que teria deixado Gritzbach vivo por muito tempo, mesmo jurado de morte.
Segundo Vinícius, o pedido de cerca de R$ 40 milhões em propina aconteceu quando ele estava preso temporariamente. E ele se negou a pagar, dizendo que não possuía o valor, mas com o passar do tempo chegou a ceder para que a prisão não fosse renovada.
“Eu não aguentava mais o que eu tava passando. Falei para o Ivelson, “oferece tudo que eu tenho na minha conta corrente, 2 milhões de reais”. Eles tiveram uma nova reunião e ele falou ‘agora nem se pagar os 30 porque eu já recebi de outras pessoas’”, disse o delator.
Gritzbach conta ainda que assim que foi preso, ainda dentro da viatura, escutou o telefone do chefe dos investigadores tocando.
“O Marcelo Bombom ligava para o Eduardo Monteiro, a todo instante eles comemoravam ‘cana de bi’, depois eu vim a entender, cana de muitos milhões”, relatou.
Marcelo Bombom, também preso pela PF, é apontado na investigação como quem mediava negociações entre o PCC e policiais corruptos. No acordo de delação com o MP, Vinícius também citou o DEIC, o Departamento Estadual de Investigações Criminais.
“Em relação ao DEIC, teve meus celulares que foram resetados lá dentro”, afirmou.
O empresário conta que nos celulares apreendidos havia informação que incriminava integrantes do PCC e provava a inocência dele no caso do duplo homicídio.
“Chegava no banco do Rafael Maeda, que fazia os pagamentos... tem um sócio que é um policial, tinha bastante coisa, prova a inocência do homicídio.. o django pedindo deposito...”, disse.
De acordo com a delação, Eduardo Monteiro e Fábio Baena teriam recebido propina para que afastassem algumas pessoas da investigação do duplo homicídio. Entre elas, Rafael Maeda, o Japa, integrante do PCC que acabou morto em 2023.