A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) está na flotilha humanitária interceptada por Israel que levaria alimentos e medicamentos a Gaza.
Luizianne Lins é uma das 15 brasileiras a bordo. Dezenas de voluntários de mais de 40 países estavam a caminho de Gaza para levar alimentos e medicamentos.
A informação foi confirmada nas redes sociais da deputada. "As autoridades brasileiras e organismos internacionais já estão sendo acionados para acompanhar a situação e garantir a integridade da parlamentar e de todos os voluntários", diz a postagem. Luizianne é deputada federal desde 2015 e foi prefeita de Fortaleza entre 2005 e 2012.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que solicitou apoio do Itamaraty. Ele disse também que conversou sobre o tema com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. "Solicitei apoio do Itamaraty para que a parlamentar e os demais cidadãos brasileiros capturados recebam a devida proteção consular", escreveu Motta nas redes sociais nesta quarta
O Itamaraty afirmou que acompanha a situação com "preocupação". Em nota, o Ministério das Relações Exteriores ressaltou o "caráter pacífico" da flotilha e recordou a existência do princípio da "liberdade de navegação em águas internacionais". O comunicado diz ainda que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato "permanente" com as autoridades israelenses para dar assistência aos brasileiros.
Itamaraty afirmou que ação militar de Israel "viola direitos" e põe integridade física dos manifestantes em risco. "No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas", diz trecho da nota.
O governo do Ceará, estado da deputada, também manifestou "preocupação" com a interceptação. Em nota publicada nas redes sociais na noite de quarta, o governador Elmano de Freitas (PT) disse já ter entrado em contato com o governo federal para pedir todo o "apoio necessário" e manifestou "toda solidariedade".
Entenda o caso
Dois barcos da comitiva humanitária, o Alma e Sirius, foram interceptados por Israel por volta das 16h de quarta-feira. A informação foi confirmada pelo canal Al Jazeera junto a tripulantes. A Flotilha Global Sumud (palavra que significa "resiliência" em árabe) saiu de Barcelona no começo de setembro e estava próxima da costa do enclave palestino.
Mais cedo, o grupo disse que navios militares israelenses realizaram "manobras de intimidação". Segundo o ativista brasileiro Thiago Ávila, a conexão da área foi parcialmente cortada, o que interrompeu algumas transmissões ao vivo e também impactou a navegação.
Além de Ávila e Luizianne, há outros 13 brasileiros nas embarcações. Entre eles, a vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL) e a presidente estadual do PSOL do Rio Grande do Sul Gabrielle Tolloti.
Anistia internacional pediu proteção à flotilha. Em publicação nas redes sociais, a entidade disse que o grupo entrou em área de alto risco e que os "os estados têm responsabilidade de garantir a passagem segura das embarcações".
Outras flotilhas que tentaram ajudar Gaza foram paradas na mesma região. Em outras ocasiões, seus ocupantes foram detidos pelo Exército israelense e deportados em seguida.