Em sessão da Comissão dos Direitos da Mulher, na Câmara, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) xingou a deputada Julia Zanatta (PL-SC). Em seguida, Erika foi alvo de ataque transfóbico do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Erika chamou Julia de "ridícula", "feia" e "ultrapassada". "Vai hidratar esse cabelo", disse a parlamentar do PSOL.
Em resposta, Ferreira falou: "Pelo menos ela é ela". Erika é uma mulher trans. A sequência foi gravada e o vídeo, divulgado nas redes sociais.
Ferreira e Zanatta compartilharam as imagens em suas páginas. Já Erika ainda não publicou nada sobre o assunto.
Procurados, Erika e Ferreira não retornaram à reportagem. Já Zanatta afirmou que "o transativismo tem prejudicado o direito das mulheres", em vídeo no Instagram sobre a situação. A deputada diz que Erika "é uma militante antimulher e anticriança" e que não pode falar o que pensa sobre a colega pelo risco de ser "processada, censurada e julgada" pelo que chama de "ditadura da minoria"
Ataque se deu durante audiência com ministra das Mulheres. Cida Gonçalves prestava contas em uma reunião na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher no momento das agressões.
Problema que se repete
Em dezembro, Ferreira foi condenado em segunda instância por transfobia. A decisão era referente a uma entrevista em 2020 na qual o então vereador de Belo Horizonte chamou de "ele" Duda Salabert (PDT-MG), à época também vereadora e hoje deputada federal. Duda também é uma mulher trans.
Justiça estipulou indenização de R$ 30 mil. No processo, consta que o parlamentar "repercutiu a matéria em suas redes sociais Twitter e Instagram, insistindo na ofensa e utilizando tom jocoso em suas publicações".
Ferreira foi à tribuna de peruca no Dia Internacional da Mulher de 2023. À época, o deputado disse que se sentia mulher e se chamou de "deputada Nikole", em outra provocação a Duda, Erika e pessoas trans.