Brasil e mundo

Esquema do PCC e Comando Vermelho movimentou R$ 6 bi em 1 ano

10 abr 2025 às 21:54

Uma investigação da polícia desvendou um esquema que movimentou R$ 6 bilhões das facções Comando Vermelho e PCC em apenas um ano. Para esconder a origem do dinheiro, os criminosos faziam depósitos em notas pequenas, de R$ 5, R$ 10 e R$ 20, sempre na boca do caixa nas contas de 22 empresas de fachada. 


O banco dessas empresas era o mesmo: o 4TBank, uma fintech que tinha como sócia, segundo a polícia, uma mulher ligada a um chefão do PCC. Assim, o dinheiro era “lavado”.


Uma parte era usada para compra de armas e drogas no Paraguai e Bolívia. E outra parte financiava a vida de luxo dos chefões das facções e ainda pagava mesadas para as famílias de bandidos que estão presos. 


Essa foi a maior operação contra a lavagem de dinheiro já realizada no Rio de Janeiro e comprovou o que os investigadores já suspeitavam: existe uma aliança entre as duas maiores facções criminosas do país. 


Como o esquema funcionava


No rádio, um bandido alerta os comparsas sobre a presença da polícia no Morro do Fallet, região central do Rio de Janeiro. O local foi um dos alvos da mega operação, que cumpriu 46 mandados de busca e apreensão. O objetivo era desmantelar o principal esquema usado para lavar dinheiro do crime organizado. 


Todos os dias, facções faturam milhões de reais no Brasil. O dinheiro precisa ser “esquentado” para fugir do radar da polícia. Para isso, o esquema usava bancos digitais e 22 empresas de fachada, como perfumaria, que movimentou mais de R$ 200 milhões sem vender um único perfume. 


A investigação também revelou um fenômeno recente e que já levantava suspeita das autoridades, mas ainda não havia comprovação: uma aliança estratégica entre as duas principais facções do Rio e de São Paulo, unidas para lavar dinheiro e compartilhar as rotas do tráfico. 


“São 6 bilhões de reais que foram movimentados pelas facções criminosas, as duas maiores facções criminosas do nosso país, Comando Vermelho e PCC, e também com decisão judicial para bloqueio desse valor. Então, é a maior operação da história da Polícia Civil do Rio de Janeiro no que tange a essa questão da lavagem de dinheiro”, disse Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro. 


A operação prendeu duas pessoas: uma mulher, em flagrante, no Morro do Fallet, com oito celulares; e em Franca, no interior de São Paulo, um foragido da polícia.