Brasil e mundo

Megaoperação contra o CV no Rio supera número de mortos do massacre do Carandiru

29 out 2025 às 16:29

O número de mortos na megaoperação contra o Comando Vermelho (CV), realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, já ultrapassa o total de vítimas do massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo.


Até as 13h desta quarta-feira (29), o governo do Rio havia confirmado 119 mortos, entre eles quatro policiais. Em 1992, 111 presos foram mortos por policiais militares após uma rebelião no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, episódio que ficou conhecido como o massacre do Carandiru.


A Defensoria Pública do Rio de Janeiro estima que o número de mortos chegue a 132, tornando a ação a mais letal da história do Estado. Moradores do Complexo da Penha relataram que levaram cerca de 60 corpos para a Praça São Lucas durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira.


“Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, afirmou Jéssica, moradora da comunidade, enquanto tentava identificar familiares entre as vítimas. Segundo relatos, corpos estavam amarrados e apresentavam marcas de facadas; ao menos um deles estava decapitado, conforme presenciou a reportagem.


A operação mais letal do Rio

Defendida como um sucesso pelo governador Cláudio Castro (PL), a megaoperação reuniu 2,5 mil policiais, além de blindados e helicópteros, para avançar sobre áreas dominadas pelo crime organizado. Segundo as forças de segurança, integrantes do Comando Vermelho chegaram a usar drones com explosivos para reagir à ofensiva.

As duas operações mais letais anteriores também ocorreram sob o governo de Castro: 28 mortos no Jacarezinho (2021) e 23 na Penha (2022).

Relembre o massacre do Carandiru

O massacre do Carandiru aconteceu em 1º de outubro de 1992, quando a Polícia Militar de São Paulo entrou no Pavilhão 9 da Casa de Detenção para conter uma rebelião e matou 111 presos.

O educador cultural Claudio Cruz, ex-detento e sobrevivente do sistema prisional, relatou ao Estadão em 2022 que o conflito começou com uma briga entre três presos, um deles armado. “Tentamos conversar para mediar o assunto, mas não houve tempo”, contou.

Horas depois, centenas de policiais invadiram o pavilhão. “A gente ouviu gritos, tiros, e achou que fosse só barulho... até perceber que estavam matando pessoas”, relembrou Cruz. O tiroteio durou cerca de 25 minutos — tempo suficiente para transformar o Carandiru em um dos episódios mais sangrentos da história do Brasil.

*Com informações do Estadão Conteúdo.