O aumento expressivo no número de pinguins-de-magalhães encontrados encalhados ou mortos nos litorais do Paraná e de São Paulo acendeu um alerta entre pesquisadores.
Em São Paulo, 135 animais sem vida foram recolhidos em apenas uma semana. Biólogos investigam as possíveis causas para a alta mortalidade durante o período de migração da espécie. No Paraná, o crescimento de encalhes no último mês foi de 718% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Este fenômeno ocorre anualmente durante o inverno, quando as aves migram de regiões mais frias no sul do continente em busca de alimento em águas mais quentes.
A jornada é longa e desgastante, e muitos animais, especialmente os mais jovens ou debilitados, acabam morrendo ou chegando às praias com sinais de fraqueza e exaustão. O encalhe acontece quando o animal marinho fica preso na costa e não consegue retornar ao seu habitat natural.
Aumento de 718% no Paraná
O cenário no litoral paranaense é o que mais chama a atenção. Um levantamento do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aponta que o número de pinguins-de-magalhães encalhados saltou de 152 no ano passado para 1.243 no último mês, um aumento de 718%. Os registros foram feitos ao longo de toda a costa do estado, desde as ilhas de Guaraqueçaba até o município de Guaratuba.
Segundo a repórter Vanessa Fontanella, alguns dos pinguins foram encontrados ainda com vida, mas apresentavam quadro de fraqueza e exaustão. Todos os animais resgatados foram encaminhados para centros de reabilitação, onde passaram por avaliação médica. Biólogos que acompanham o caso apontam que fatores como a pesca predatória e mudanças no ecossistema podem estar ligados ao aumento dos casos. Além dos pinguins, em agosto também foram registrados encalhes de tartarugas-verdes, tartarugas-cabeçudas e botos-cinza na região.
Litoral paulista também registra alta
A situação se repete no litoral de São Paulo. Em apenas uma semana, o Instituto Biopesca recolheu 135 pinguins mortos nas praias da Baixada Santista, com a maioria dos registros concentrada entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe. Apenas no primeiro dia de setembro, a equipe da entidade encontrou 71 animais sem vida.
Assim como no Paraná, os pesquisadores paulistas buscam entender as causas por trás do número elevado de mortes. Um dos desafios para a investigação é o avançado estado de decomposição em que muitos dos animais são encontrados, o que dificulta a determinação da causa exata do óbito. As equipes de monitoramento continuam percorrendo as praias em busca de novos registros que possam ajudar a esclarecer o fenômeno.