Períodos de chuvas e consequentes alagamentos — como os que aconteceram no Rio Grande do Sul — trazem também uma grande preocupação: a possível transmissão de leptospirose.
Ontem (20), o município gaúcho de Travesseiro, no Vale do Taquari, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes no estado, registrou a primeira morte por leptospirose após as cheias.
Saiba mais sobre a doença
A leptospirose é uma infecção causada pela bactéria Leptospira interrogans. Doença é transmitida pela urina de ratos urbanos com a bactéria leptospira.
Quando chove em excesso, a leptospira é transferida para a água — além disso, quando a água sobe, ratos nadam e também podem urinar diretamente em enchentes.
A bactéria se mantém viva na água da chuva e também pode permanecer nos resíduos úmidos, como a lama. Casos em que uma pessoa transmite leptospirose para outra são raríssimos.
A leptospira penetra no organismo humano através de feridas na pele — nem sempre aparentes — após o contato com água contaminada em enchentes, poças de água ou solo úmido. Bactéria também tem facilidade para penetrar pelas mucosas da boca e dos olhos. Portanto, alagamentos como os do Rio Grande do Sul aumentam o risco de leptospirose.
Doença pode ser fatal. Geralmente, os sintomas da leptospirose costumam regredir depois de alguns dias, mas ainda assim existe a possibilidade de o quadro evoluir e causar até a falência de órgãos.
Na maioria das vezes, no entanto, a leptospirose é assintomática. Quando se manifesta, seus sintomas mais comuns são febre alta, mal-estar e dor muscular — principalmente na cabeça e no tórax —, que normalmente regridem em três ou quatro dias. Algumas pessoas podem ter diarreia, náuseas, calafrios. Em aproximadamente 15% dos pacientes, ela evolui para manifestações mais graves, que ocorrem geralmente após a primeira semana. As mais clássicas são icterícia (presença de uma cor amarelada na pele, membranas, mucosas e olhos), complicações renais, torpor e coma.
Existe tratamento? A conduta em casos de leptospirose inclui o uso de antibióticos, como a penicilina, e outros medicamentos para aliviar os sintomas. Não há vacina para humanos — o imunizante só existe para animais. É recomendado procurar um pronto-socorro nos quatro ou cinco primeiros dias, no máximo, caso houver algum sintoma.