Um tubarão resgatado em Sergipe de uma espécie raríssima, conhecido popularmente como megaboca, está sendo estudado por cientistas brasileiros. Trata-se de um macho com 4,63 metros de comprimento que apareceu encalhado na manhã do último dia 4 na praia Barra dos Coqueiros.
O nome científico do tubarão é Megachasma pelagios, o único membro da família Megachasmidae. Ele tem esse nome por causa das palavras gregas "mega" (grande), "chasma" (abertura) e "pelagios" (oceânico). Ele foi resgatado e levado para o Oceanário de Aracaju, dentro do Museu da Fundação Projeto Tamar.
O animal foi achado em bom estado de conservação, o que indica ter encalhado por pouco tempo após a morte; e é um dos maiores já encontrados no oceano Atlântico. A descoberta é considerada um achado pelos cientistas, que vão estudar para conhecer melhor a espécie.
Segundo o professor e pesquisador Cláudio Sampaio, do campus Penedo da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), o nome da espécie faz referência à sua imensa boca. "Ela é utilizada para capturar pequenos invertebrados, como camarões, medusas e peixes em águas profundas e afastadas da costa, sendo totalmente inofensivo para os seres humanos", diz.
A raridade desta espécie pode ser definida em números: em todo o mundo só foram conhecidos 274 indivíduos, a maioria deles no oceano Pacífico. A exposição desse tipo de animal é igualmente rara e não há nenhum indivíduo que pode ser visto pelo público na América Latina.
Cláudio explica que, durante as noites, esses peixes costumam sair do fundo do mar para se alimentar de pequenos organismos que vivem no plâncton (que são animais e vegetais de baixa mobilidade transportados pelas correntes marinhas).
Esses tubarões passam o dia em águas oceânicas, escuras e frias em até 1.500 metros de profundidade, fazendo uma migração vertical para águas rasas e mais quentes à noite, chegando a profundidades menores que 50 metros.
Cláudio Sampaio
O tubarão encalhado em Sergipe é apenas o quarto registro no Brasil. "Esse encalhou em bom estado e será o primeiro nessas condições a ser examinado por pesquisadores", diz.