Brasil e mundo

RS recebe da ONU casas emergenciais montáveis que são usadas por refugiados

22 mai 2024 às 16:12

O Rio Grande do Sul começou a receber da ONU equipamentos, objetos e unidades habitacionais utilizados por refugiados no Brasil e em outros países para atender vítimas da tragédia nos abrigos. A Acnur (Agência da ONU para Refugiados) vai adotar respostas a emergências internacionais adaptadas às necessidades do estado.



O que aconteceu


A Acnur, a agência da ONU para refugiados, já entregou oito unidades habitacionais ao estado. As estruturas ainda estão desmontadas, esperando destinação por parte do governo estadual. Segundo a Acnur, mais 200 unidades devem chegar de países da América Latina que possuem estruturas para abrigar refugiados. As casas devem atender cerca de 1.000 pessoas.


Unidades habitacionais que chegaram ao RS foram usadas em Boa Vista para acolher venezuelanos. Thais Menezes, oficial de proteção no Acnur, explica que migrantes e refugiados em situação de vulnerabilidade foram abrigados nessas estruturas, em 2018.


Experiência em respostas a emergências internacionais será utilizada no Rio Grande do Sul. "Estamos trazendo a experiência que temos na gestão de espaços como abrigos para refugiados e colocamos essa bagagem à disposição das autoridades brasileiras", afirmou ao UOL Rafael Mattar Neri, oficial sênior para emergências, da Acnur. Ele também esteve nos abrigos gaúchos para conhecer os espaços.


Além das unidades habitacionais, objetos e equipamentos também serão enviados. "Acordamos com o governo estadual, em articulação com o federal, que faremos a doação de itens de necessidade básica, lâmpadas solares, mosquiteiros, kits de higiene, esteiras para colocar debaixo dos colchões e galões de água", afirma Thaís.


Doações serão enviadas dos escritórios do Panamá e da Colômbia. O primeiro país por ser um centro logístico da Acnur na América Latina e o segundo por ter um estoque de unidades habitacionais disponíveis.


As casas são adaptadas a temperaturas extremas. "São unidades de emergências utilizadas em diferentes países e em contextos diversos", afirma Neri. Segundo ele, as casas emergenciais já ajudaram populações vulneráveis durante a crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19 e em países em situação de conflito armado, como Iraque, Ucrânia, Uganda, entre outros.


No Rio Grande do Sul, o destino das doações será decidido pelo governo do estado. "Fomos acionados na segunda semana de maio para começar as articulações com os governos", afirma a oficial da Acnur.


"Neste momento em que as pessoas estão abrigadas em galpões e ginásios, precisamos dar uma resposta de emergência. Por isso, vamos usar algumas das unidades utilizadas na Operação Acolhida", afirmou

Thais Menezes, da Acnur.



O que diz o governo


O que diz o governo

Definição sobre o destino das estruturas está em curso, diz vice-governador. "As estruturas poderão compor unidades habitacionais conforme a demanda", afirma Gabriel Souza (MDB),"sem confirmar se as casas farão parte das "cidades provisórias" anunciadas pelo governo. Segundo ele, a experiência da Acnur será "incorporada ao processo do estado, desde a concepção de medidas para a população desabrigada até a gestão de espaços de acolhimento".


"Vivemos fase de assistência humanitária", afirma Souza. A presença de instituições como a ONU é importante nesta etapa porque elas ajudam no planejamento e na execução de ações em apoio aos gaúchos com agilidade e eficiência.


Manuais da ONU são usados como referência para as "cidades provisórias", de acordo com o vice-governador. A participação da ONU também foi anunciada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) durante a divulgação do plano de reconstrução do estado, o Plano Rio Grande.


"O objetivo é reunir o conhecimento adquirido por essas instituições com experiência em desastres. Essas parcerias podem resultar em planos mais robustos de restabelecimento e reconstrução", disse

Gabriel Souza, vice-governador do Rio Grande do Sul.



Equipes da ONU em abrigos gaúchos

Equipes da ONU visitam abrigos. Thaís conversou com o UOL durante um deslocamento entre abrigos na cidade de São Leopoldo, uma das mais atingidas pelas chuvas. Somente na terça-feira (21), os membros da Acnur visitaram dois abrigos na cidade gaúcha