Artistas do picadeiro se reúnem para celebrar o Borracha, apelido carinhoso para Altair Fabiano de Souza, iluminador e técnico de som de Londrina, que faleceu prematuramente depois de uma breve doença, deixando não apenas os palcos mais tristes e sem luz, mas também uma família que dependia da sua arte para o próprio sustento. A reunião dos amigos acontece no palco do Teatro Ouro Verde, no próximo sábado (06), com um grande espetáculo, o “Cabaré do Borrachinha”, uma ação coletiva e voluntária para, através do riso, amenizar um momento complicado para uma família. É com muita saudade, alegria e emoção que palhaças e palhaços de Londrina se reúnem em um espetáculo com números e entradas cômicas, para homenagear esse grande parceiro e também colega da profissão: o Palhaço Borrachinha.
Muita gente não sabe, mas Altair Fabiano de Souza, o Borracha, além de iluminador e técnico de teatro de som, foi também um palhaço. “Eu conheci o Borracha – o pai dele tinha uma borracharia quando chegou em Londrina, por isso o apelido - em meados da década de 1990. Ele tinha participado de alguns grupos de teatro aqui e estava começando a se estabelecer na área técnica e já atuava como o Palhaço Borrachinha. Formamos uma dupla e fizemos vários eventos na época. Aos poucos, os trabalhos na técnica foram tomando mais o tempo dele. Mais pra frente, com o Triolé, o Palhaço Borrachinha reapareceu, fazendo uma participação especial em algumas apresentações do nosso espetáculo ‘Qual a Graça de Laurinda?’, lembra Alexandre Simioni, o Palhaço Mereceu.
Borracha também foi um mentor, empreendedor e um artista dos bastidores, com um trabalho que atravessou gerações, festivais, palcos e corações. Mais de 2.000 montagens passaram por suas mãos, e cada uma delas carregava sua assinatura invisível — aquela luz precisa, aquela estrutura segura. Ao longo da sua carreira, formou profissionais, criou espaços e manteve viva a chama da produção cultural independente. Borracha foi responsável técnico por espaços como o Sesc Cadeião Cultural, Cine Teatro Padre José Zanelli, o Núcleo I e o Armazém Luz e Som. Também ministrou oficinas na UEL, Vila Triolé e na Fundação Cultural de Ibiporã, formando gerações de profissionais das artes.
Para Gerson Bernardes, o Palhaço Lambreta, o legado é imenso para as artes, em especial as artes cênicas. “O Borracha era iluminador, sonoplasta, e nos últimos anos se formou em engenharia civil e elétrica, tendo sido, também, professor de teatro, ator e palhaço. Era alguém que vivia a cena cultural e a cena do palco. Ele não ‘economizava’ informação, sempre fazia tudo com disposição para resolver toda questão, sempre de forma criativa ou mesmo na gambiarra segura, quando precisava. Era professor durante os trabalhos, porque ensinava, botava quem estava começando para fazer e aprender, estava sempre atento em quem se interessava para incentivar a trabalhar. Gostava de tudo bem feito, isso fazia com que parecesse ranzinza às vezes, mas isso já fazia parte do personagem, quem o conhecia sabia da sua doçura”, afirma.
No palco do Teatro Ouro Verde, a partir das 19h, as presenças confirmadas das trupes de palhaçaria Triolé, Grita Cia de Palhaças, Palhaço Ritalino, Cia AMMA, Cia Os Palhaços de Rua, Cia. Clac e Tuta Batuta e ainda, a participação especial da Família Borracha. O formato de cabaré é clássico dentro da palhaçaria. “É quando vários palhaços e palhaças se reúnem para criar juntos, apresentando números curtos, cenas rápidas e entradas cômicas. Cada artista traz sua linguagem e seu jeito de brincar, e no encontro coletivo nasce uma atmosfera de festa, surpresa e celebração. É também uma forma de estar junto, de somar risos e afetos, por isso escolhemos esse formato para homenagear o Borracha", explica Juliana Galante, a Palhaça Adelaide que também estará no palco na noite do próximo sábado. Toda a renda da bilheteria será revertida para a família do homenageado. Os ingressos estão à venda na plataforma Sympla e custam R$ 20,00 (+taxas). Classificação indicativa: LIVRE. O evento conta ainda com o apoio da Casa de Cultura/UEL.