A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade
Estadual de Londrina (Fauel) e o Instituto Iter realizaram, na manhã desta
segunda-feira (8), no auditório do Shopping Aurora, o evento “Governança
Pública e Inteligência Institucional”, com aula magna do ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) André Mendonça, fundador do Iter.
“É uma satisfação grande voltar a Londrina. Não sou
nascido no Paraná, mas meus filhos aqui nasceram, e sou um pouco filho também
de Londrina, pé vermelho dessa cidade”, disse o ministro em seu discurso na
abertura do evento. Ele lembrou que iniciou atividades na Advocacia-Geral da
União na cidade, onde também estudou teologia e foi responsável pela abertura
de uma igreja evangélica no Jardim São Jorge (zona norte).
Sobre os desafios do gestor público no século XXI,
Mendonça destacou a importância de planejamento, responsabilidade e inovação.
“O gestor do século XXI deve estar preparado para inovar com responsabilidade”,
disse. “Vocês devem planejar e não cair na tentação do gasto fácil, sem
planejamento e sem responsabilidade.”
O ministro reforçou que governança vai além de obras
físicas. “Não basta construir ou reformar unidades de saúde. O desafio é fazer
essas unidades funcionarem adequadamente.” Ele citou outros exemplos nas áreas
de saneamento e educação. “Investir em saneamento é investir em saúde e na
qualidade de vida... Os senhores são desafiados a não apenas reformar escolas,
mas a reformar a educação e a aprendizagem.”
Aposta nas fundações
O vice-reitor da UEL, Ayrton José Petris, ressaltou o
papel das fundações da universidade na gestão. “A Fauel tem sido muito
importante para a universidade. A gente tem se valido das fundações como
ferramentas para fazer gestão pública e tornar a administração da universidade
mais ágil”, afirmou.
Ele destacou ainda que a UEL conta com outras duas
fundações: a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Hospital Universitário
Regional do Norte do Paraná (HUTec) e a Fundação de Fomento à Ciência,
Tecnologia, Inovação e Cultura (Funcetic). E enfatizou a necessidade de
transparência e responsabilidade na gestão pública. “A Fauel tem sido
transparente e tem cumprido seus compromissos à risca.”
A burocracia
O prefeito de Londrina, Tiago Amaral, relacionou
eficiência administrativa à capacidade de desenvolvimento do país. “O excesso
de leis e processos burocráticos que atrasam a nossa gestão vem impondo ao
Brasil problemas seríssimos em relação à nossa própria capacidade de dar
respostas aos anseios da população. E isso está tudo conectado”, afirmou.
Amaral também destacou conquistas recentes da
administração municipal, como a inauguração do Sistema de Pouso por Instrumento
(ILS) no aeroporto, a ser realizada no aniversário da cidade, nesta
quarta-feira (10), e a Certificação Nível 2 do Modelo de Maturidade da
Auditoria Interna, do Conselho Nacional de Controle Interno (Conaci). “Somos a
única cidade do interior do país e a primeira do sul a conquistar essa
certificação.”
Preço da incompetência
O prefeito de Cambé e presidente da Amepar, Conrado
Scheller, chamou atenção para os efeitos da incompetência na Administração Pública.
“Ouso dizer que ela é mais prejudicial do que a corrupção. A corrupção afeta um
departamento, uma chefia. Já a incompetência é avassaladora, porque ela destrói
uma cidade”, declarou.
Ele citou casos de servidores que deixam processos
parados e destacou que cabe ao gestor público promover mudanças. “A maioria dos
servidores não entrega o que precisa entregar porque não sabe exatamente o que
tem que entregar.”
Hora de refletir
Ao final do evento, a prefeita de Mandaguari e
presidente da Amusep, Ivonéia Furtado, avaliou o encontro como uma oportunidade
de reflexão para os gestores. “Nós, políticos, precisamos dessa reflexão sobre
efetividade na governança, praticidade e políticas públicas conscientes,
orientadas e planejadas para a população”, afirmou. Ela destacou ainda a
importância de dar condições para que os servidores municipais atendam à
população de forma eficaz. “Como prefeita e presidente da Amusep, eu também
preciso dar condições aos servidores municipais para que o atendimento seja
mais efetivo.”
Satisfeito
O diretor acadêmico do Instituto Iter, Mauro Rabelo,
comemorou a presença de 300 pessoas, incluindo 22 prefeitos da região no
evento. “Tivemos gestores públicos aqui, prefeitos, secretários e servidores,
debatendo governança e inteligência institucional, sempre relacionados aos
princípios da boa governança. As palestras, de fato, focaram em temas
pertinentes, e as mesas trouxeram grandes contribuições para que esses gestores
possam tomar decisões com mais conhecimento”, afirmou.
Rabelo destacou que o Iter realiza encontros similares
em várias partes do país e oferece cursos de capacitação, com previsão de
pós-graduação lato sensu a partir do próximo ano.
Fauel toca 300 projetos
O presidente da Fauel, Emerson Guzzi Zuan Esteves,
destacou a amplitude dos projetos da fundação e a importância de divulgar essas
iniciativas. Segundo ele, são cerca de 300 projetos realizados com prefeituras,
inclusive fora do estado. “Temos desde projetos de educação inclusiva até
análise de resíduos de usina de cana. E a gente precisava divulgar isso, porque
fazíamos muita coisa, mas ficava encolhida”, afirmou.
De acordo com Esteves, a escolha do tema do evento
surgiu da necessidade de mostrar às prefeituras como estruturar a gestão
municipal. “A ideia da governança surgiu em parceria com o Instituto Iter, que
tem cursos de capacitação em áreas como licitação, compras e compliance para
órgãos públicos”, explicou.
O presidente detalhou a complexidade de procedimentos
dentro da administração pública e a importância de capacitar os gestores.
“Vamos supor que o prefeito precise trocar uma lâmpada. No órgão público, não é
só ir à loja e comprar. É preciso notificar a necessidade, definir o tipo de
lâmpada, fazer licitação com pelo menos três preços, verificar a verba,
empenhar a verba, emitir ordem de serviço e só então executar. É extremamente
burocrático, e isso existe para garantir fiscalização”, disse.
O evento contou ainda com palestras e painéis sobre
eficiência e governança na gestão pública, parcerias entre municípios e
fundações e a gestão pública na era da hiperinformação, com participação de
especialistas, como o conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, Durval
Amaral.
Apoiadores
A realização teve apoio das seguintes associações de
municípios: Associação dos Municípios do Médio Paranapanema (Amepar); Associação
dos Municípios do Norte do Paraná (Amunop); Associação dos Municípios do Norte
Pioneiro (Amunorpi); Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi); e
Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep).