A jovem de 19 anos que perdeu dois dedos após ser atacada com um facão pelo companheiro em Apucarana (PR) na última terça-feira (28) sofria uma rotina de abusos, violência sexual e pedidos de socorro ignorados. A informação foi divulgada por um familiar da vítima, que relatou os episódios de violência sofridos pela mulher.
O homem, identificado como Felipe Leandro dos Santos Marques, de 26 anos, foi preso em flagrante e, após audiência de custódia, teve a prisão convertida em preventiva. Ele vai responder pelos crimes de ameaça, lesão corporal e tentativa de feminicídio.
Na manhã desta sexta-feira (31), a família da vítima de tentativa de feminicídio fez um apelo por Justiça e detalhou a rotina de agressões a que a jovem era submetida. O companheiro dela, de 26 anos, foi preso em flagrante no Núcleo Habitacional Dom Romeu Alberti, em Apucarana, após o ataque.
A jovem foi socorrida e está internada na UTI do Hospital da Providência com traumatismo cranioencefálico e cortes profundos na cabeça, além de ter dois dedos decepados – o indicador e o mindinho.
Em entrevista exclusiva, um familiar contou que o relacionamento de apenas três meses era marcado por cárcere privado e abusos constantes.
“A família não sabia [que ela sofria agressões] e que ele a mantinha em cárcere privado. Todo lugar que saía, ele ia junto com ela. Não deixava nem um momento sair sozinha,” afirmou o parente.
O ataque só foi descoberto porque a vítima conseguiu pedir socorro à irmã, que também foi rendida e ameaçada pelo agressor.
“Elas se trancaram dentro do quarto e ele ficou tentando arrombar a porta. Quando viu que não conseguia, começou a bater com o facão. A todo momento ele falava que ia matar as duas,” relatou.
O familiar denunciou ainda a omissão da mãe do agressor, que presenciava as agressões e não chamava a polícia.
“A mãe dele era conivente. Presenciava as agressões e não fazia nada. Saía e entrava da casa como se nada estivesse acontecendo.”
Além da violência física, a jovem também era vítima de violência sexual, conforme confirmou a família e um áudio obtido pela reportagem.
“Ele me obrigava a ter relação”, disse a jovem.
Mesmo após as agressões da madrugada, a mãe do agressor deixou o casal sozinho pela manhã, o que resultou na tentativa de feminicídio.
A Polícia Militar (PM) foi acionada pelas vítimas enquanto estavam trancadas no quarto e presenciou o momento do ataque. O agressor foi contido com o uso de uma arma de choque Taser.
A jovem, mesmo internada, conseguiu relatar parte dos abusos e ameaças, e passará por novo depoimento. O agressor permanece preso, e a família pede que ele não seja solto, temendo novas ameaças.
“Eu queria deixar de mensagem para as mulheres: escolham bem os seus companheiros. Na primeira agressão, denunciem, não escondam da família. O cara não muda, só piora até querer matar”, concluiu o familiar.