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Luta pela vida: cerca de 1,2 milhão de paranaenses têm doença renal e não sabem

19 fev 2025 às 12:17

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, mais de 12 milhões de pessoas no país enfrentam doenças renais. A partir de hoje, exibimos a série especial "Rins: Uma Luta pela Vida", dividida em três reportagens.


Nos últimos quatro meses, nossas equipes em Guarapuava e Cascavel ouviram pacientes e médicos para entender melhor a realidade dessas doenças. Vamos mostrar como elas surgem, os desafios do tratamento tanto para os pacientes quanto para os profissionais da área e, por fim, a espera daqueles que sonham com um transplante no Paraná.


Em meio a tantas preocupações do dia a dia, muitas vezes esquecemos de cuidar da nossa própria saúde. No Paraná, 1,2 milhão de pessoas sofrem com doenças renais. Em todo o Brasil, são mais de 12 milhões de pacientes diagnosticados, sem contar os casos ainda não identificados.


No ano passado, em entrevista à nossa reportagem, o então presidente da Sociedade Paranaense de Nefrologia, o médico nefrologista Paulo Henrique Fraxino, alertou sobre a incidência dessas doenças. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, mais de 44% dos casos no país são descobertos em estágios avançados.


Entre os problemas renais mais comuns estão o cálculo renal, conhecido como pedra nos rins; infecção renal, causada geralmente por bactérias na bexiga; cistos renais, que são bolhas que se formam no rim; tumores ou cânceres, muitas vezes associados à alta frequência de cistos; e insuficiência renal, quando os rins perdem a capacidade de filtrar resíduos do sangue.


Foi o diabetes que causou os problemas nos rins de Dona Leocádia, de 71 anos. No ano passado, nossa equipe a acompanhou durante uma sessão de hemodiálise em uma clínica de Guarapuava. Sem os rins funcionando, a filtragem do sangue depende da máquina, exigindo que ela passe por quatro sessões semanais.


Os médicos orientam que a melhor forma de prevenir doenças renais é manter hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, alimentação equilibrada, controle da pressão arterial, do peso e do diabetes. Além disso, evitar o excesso de álcool e tabaco, não abusar de medicamentos que possam agredir os rins, realizar exames periódicos e, claro, beber bastante água são medidas essenciais.

Na mesma clínica de hemodiálise, encontramos José, que passa cerca de quatro horas por sessão. Seu Luís, outro paciente, precisa comparecer três vezes por semana para manter a sobrevivência. Nem todos os portadores de doenças renais precisam de hemodiálise, mas ela é essencial para quem tem insuficiência renal grave.


No Paraná, existem 50 centros de diálise em 30 municípios, sendo que 43 atendem pacientes do SUS. Apenas um é público, nove estão em hospitais filantrópicos e 33 são clínicas particulares. Manter esse serviço e garantir atendimento à população é um grande desafio – tema que será abordado na reportagem de amanhã.