A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso conhecido como “Professor Monstro” avançou para uma nova fase crucial: o início das oitivas, ou seja, a coleta de depoimentos das pessoas diretamente envolvidas no caso. O primeiro depoimento foi colhido na tarde desta sexta-feira (11).
A primeira a ser ouvida foi a mãe da criança, figura central na denúncia e peça fundamental na busca por justiça. Após a reunião, ela compartilhou suas impressões sobre o andamento da conversa.
Mariana Kalschene, mãe da vítima, afirmou que “sempre que essa ferida é aberta, dói um pouco”, e que espera que, para tantas interrogações, haja finalmente respostas. Ela também destacou que, à época dos fatos, Cascavel não possuía uma lei que obrigasse servidores públicos a apresentarem antecedentes criminais — legislação que foi criada após pedido dos pais indignados com o caso.
A reunião, de caráter reservado, teve duração aproximada de uma hora. Nesse primeiro encontro, teve início o processo de reconstrução da linha do tempo dos acontecimentos, com o objetivo de identificar todos os envolvidos, que serão convocados para depoimento nas próximas etapas da CPI.
O vereador Everton Guimarães, presidente da comissão, afirmou que esse foi apenas o ponto de partida das oitivas. Ele destacou a importância de ouvir a mãe pessoalmente para compreender a assistência prestada (ou não) pelo município durante o processo.
“Hoje partimos do centro dessa denúncia. Agora, vamos à base, ouvindo professores e diretores do CMEI''. A partir disso, o vereador diz que a CPI busca entender as falhas estruturais que permitiram que o caso chegasse a esse ponto”, explicou o presidente da CPI.
A CPI segue avançando, e a expectativa é de que novos depoimentos sejam colhidos nos próximos dias. Cada testemunho é tratado como uma peça essencial de um quebra-cabeça que, aos poucos, revela a real dimensão dos fatos.
Mariana também ressaltou que o processo segue em segredo de justiça, por envolver menores de idade. No entanto, revelou ter feito um pedido formal para que os responsáveis revejam o tempo do PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Segundo ela, o prazo legal seria de 120 dias, mas o processo acabou se estendendo por 1.537 dias.
Por fim, a mãe fez um novo desabafo sobre a demora no afastamento do agente denunciado e reforçou o apelo por justiça e por medidas concretas de proteção às crianças. Ela também afirmou que há expectativa por respostas mais amplas, como a identificação do número total de vítimas envolvidas no caso.