Rio Bonito do Iguaçu amanheceu de um jeito doído, tentando lembrar o que era antes do vento. Ele rugiu a 250 quilômetros por hora levou telhados, paredes e sonhos. Madeira quebrada, ferro retorcido, alvenaria esfarelada e o espanto de quem sobreviveu ao grito da natureza.
Cada objeto parece contar o instante em que o mundo virou ao contrário. O tornado passou rápido, coisa de minutos, mas deixou um tempo que não passa. 90% da cidade virou ferida aberta.
As ruínas assustam, mas há algo que não há como reconstruir: Vidas perdidas, vidas machucadas, vidas marcadas. São números que os órgãos oficiais anunciam, mas que o coração traduz em rostos, em histórias interrompidas.
Os ventos arrancaram quase tudo, mas não a coragem. Entre destroços, mãos se estendem, vozes se unem, e o coração da cidade pulsa de novo, fraco, mas firme. Porque agora o que resta é o gesto. E é dele que vem o recomeço.