O lixo produzido em Londrina segue uma rotina que começa quando você o descarta e termina em um local distante da cidade, em uma central de tratamento especializada. Mas qual é o verdadeiro destino de tudo o que vai para o lixo? E o que acontece com esses resíduos após a coleta dos caminhões?
Robson William Ramos da Silva, supervisor de manutenção, revela que todo o lixo recolhido na cidade segue para a CTR (Central de Tratamento de Resíduos), localizada a cerca de 30 quilômetros do centro, na estrada que vai para o Distrito de Maravilha. Lá, são tratadas, em média, 370 toneladas de lixo por dia, o equivalente a 11.200 toneladas mensais.
No processo de coleta, 17 caminhões percorrem a cidade,
retirando as embalagens e as sobras, e os resíduos são levados para o aterro
sanitário. A área é extensa, abrangendo 30 alqueires, e conta com uma operação
de alta complexidade para tratar esses resíduos de maneira controlada.
A operação da CTR é complexa e envolve a gestão de diversos
tipos de resíduos. Em entrevista, Alexandre Zuliani, gerente de planejamento
técnico da empresa, explica que após o lixo ser depositado, ele é compactado
para facilitar o armazenamento e minimizar o impacto ambiental.
Fernando Porfírio, diretor de operações da Companhia
Municipal de Trânsito e Urbanismo (CMTU), destaca que o custo do tratamento do
lixo é alto. “A cidade gasta em média R$ 270 por tonelada de lixo tratado”,
diz. Esse valor cobre a coleta, o transporte e o tratamento dos resíduos no
aterro sanitário.
A CTR também possui um sistema para captura de biogás, um
subproduto da decomposição do lixo. Erikson Rezende, especialista da zona
rural, observa que a decomposição do lixo gera metano, que é queimado em flare,
produzindo energia e evitando a emissão de gases nocivos ao meio ambiente.
“Este biogás poderia ser aproveitado para abastecer a frota de caminhões de
coleta da cidade, contribuindo para a sustentabilidade do processo”, explica
Erikson.
Outro ponto importante do tratamento de resíduos é a
reciclagem. De acordo com Fernando Porfírio, cerca de 39% do lixo que chega, pode ser reciclado, e outros 38% poderia ser transformado em compostagem,
um adubo orgânico. “A vida útil do aterro está prevista até 2041, mas com o
reaproveitamento desses materiais, podemos prolongar esse período e reduzir
ainda mais o impacto ambiental”, afirma Porfírio.
A CTR é uma das principais soluções para o problema do lixo
em Londrina, mas os especialistas afirmam que é necessário intensificar as
políticas de reciclagem e compostagem. Com isso, a cidade poderia reduzir a
quantidade de resíduos enviados para o aterro e aproveitar melhor os recursos
que ainda podem ser reciclados ou transformados em biocombustível.
Em um futuro próximo, é possível que a cidade aproveite mais de 70% de seus resíduos, contribuindo para um ciclo mais sustentável e menos poluente. E, enquanto isso, a montanha de lixo continua a crescer, exigindo cada vez mais atenção e inovação no tratamento e aproveitamento dos resíduos.