A Universidade Estadual de Londrina (UEL) aprovou a criação do curso de bacharelado em Geologia, o primeiro no interior do Paraná e o segundo em todo o estado. A instituição aguarda autorização da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para implementar a graduação. O pedido foi aprovado nos Conselhos de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e de Administração (CA) da UEL.
O curso será ofertado no Departamento de Geologia e Geomática, no Centro de Ciências Exatas (CCE), com duração de cinco anos, período integral e 20 vagas anuais. A grade curricular inclui disciplinas básicas como Cálculo, Física, Química e Estatística, além de conteúdos específicos como Geologia Geral, Sedimentologia e Paleontologia.
Segundo o projeto político-pedagógico, a formação visa preparar profissionais aptos a aplicar os fundamentos das geociências, tanto na exploração de recursos minerais e energéticos quanto na compreensão de fenômenos naturais e das mudanças climáticas.
O processo de liberação de recursos humanos e financeiros, conforme a Lei Geral das Universidades (LGU), está em trâmite na Seti, incluindo a contratação de professores especializados em áreas estratégicas.
A reitora Marta Favaro destacou que o novo curso reforça o compromisso da UEL com a formação de excelência e o desenvolvimento sustentável, atendendo às demandas estaduais e nacionais por profissionais em recursos naturais e planejamento territorial.
Apoio institucional
O diretor do Centro de Ciências Exatas da UEL, Alan Salvany, também defende a criação do curso. Ele e o professor Pinese lembra que a proposta contou com o apoio em níveis de sociedades culturais e científicas do campo, como a Sociedade Brasileira de Geologia (SBGEO), a Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e a Associação Profissional dos Geólogos do Paraná (Agepar), além da Agência Nacional de Mineração (ANM) e da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS). A medida também recebeu o aval de associações empresariais e comerciais da região Norte do Paraná, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), o Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL) e a Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL).
Por meio de cartas, as entidades também se manifestaram em defesa da inauguração do Departamento de Geologia e Geomática na universidade, formalizada em abril de 2022. A graduação na UEL será a sétima do campo a ser oferecida na região Sul e a 33ª no país, contribuindo para preencher vazio de escolas da área em um raio de 500 quilômetros. Pioneira no Paraná, a formação em Geologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) existe desde 1973.
Atuação
No mercado atual, geólogos são indispensáveis na exploração das águas subterrâneas, utilizadas em redes de abastecimento à comunidade e no suprimento de atividades agrícolas. “A agricultura nossa não prescinde só mais de rios superficiais, mas se utiliza das águas subterrâneas”, destaca Pinese, reforçando a importância deste trabalho para a região.
O profissional também pode trabalhar dentro da ótica geológica e geotécnica aplicada às construções civis, buscando minerais não-metálicos necessários para as obras, como as areias e a brita de basalto. “A demarcação e obtenção de áreas de jazimento de areias, bem como a brita da rocha basáltica, pode ser obtida através de trabalhos geológicos ou de um geólogo, determinando àquele sistema que necessita o quanto tem, o quanto custa e o quanto será utilizado pela indústria”, explica o professor.
A pesquisa e produção de agrominerais à base de basalto, substitutos de fertilizantes industriais na agricultura e eficazes na redução da liberação de gás carbônico (CO2), representam outras atividades passíveis de execução na geologia.
Em um período de mudança de um modelo concentrado no uso de combustíveis fósseis para uma geração de energia de baixo carbono, os geólogos são peças-chave. Neste domínio, atuam na pesquisa, prospecção e exploração de minerais estratégicos, como o lítio e as “terras raras” (grupo de 17 elementos proveniente de argila iônica formada por ação vulcânica), utilizados na produção de baterias, materiais de alta tecnologia e supercondutores, entre outras tecnologias de energia limpa.
“Modernamente, dentro desta fase de transição energética que vamos viver, existe uma essencialidade do geólogo na busca dessas jazidas, para que nós obtenhamos materiais fundamentais na construção das baterias e, também, possamos fazer a transição com sustentabilidade”, afirma o docente.
Ainda neste âmbito, a atuação geológica pode dar suporte à produção de energia, gestão de recursos hídricos e ao planejamento do uso da terra, colaborando na promoção de um desenvolvimento econômico aliado à proteção ambiental e à diminuição de riscos naturais. Os geólogos podem solicitar registro profissional como engenheiros junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). A entidade também estabelece, como renda ideal, o valor de 6 salários-mínimos regionais por seis horas diárias de trabalho.