Estamos na semana do refugiado. E o Brasil tem sido uma das referências neste acolhimento. Aqui no sul do país, Cascavel tem atraído muitos imigrantes. A sensação de quem vem de fora é de que a cidade recebe os imigrantes de braços abertos, com oportunidades de trabalho e condições que ajudam a reconstruir a vida, começando pelo novo lar. Anovidade é que a partir de agora a cidade hospitaleira também passa a contar com uma casa de passagem.
Nailibeth mostra orgulhosa o seu novo lar no Brasil. Ela é venezuelana e está há quase dois meses como refugiada em Cascavel. Policial e professora, ela afirma tem sido perseguida e ameaçada de morte no país, o que inviabilizava a permanência dela e da família.
No imóvel alugado, moram Nailibeth e o marido, 4 filhos e dois netos. A filha mais velha foi a que veio primeiro. E é assim que muitos estrangeiros chegam aqui. Um vem, gosta, conta para os outros e assim grandes comunidades de migrantes estão se formando. A estimativa é de que em Cascavel já estejam mais de 20 mil migrantes. Moradores de outros países já representam mais de 5% da população municipal. A cidade se tornou um oásis de oportunidades e tem até selo da ONU por boas práticas com esse público. Existe um programa municipal de atenção ao migrante e está sendo criado um comitê sobre o tema. Um dos braços da Secretaria especializada em Cidadania, Proteção à Mulher e Políticas Sobre Drogas é o encaminhamento dos migrantes para os diferentes serviços.
Ao chegar em Cascavel, eles encontram acolhimento. A Cáritas Arquidiocesana, organização ligada à Igreja Católica, é o ponto de referência para os estrangeiros. Em média, são realizados 230 atendimentos por mês, focados principalmente em questões sociais e de documentação, para ajudá-los a ficarem de forma regular no País.
O sotaque de Andreína não deixa dúvidas de que ela não nasceu aqui. Ela é venezuelana e chegou ao Brasil no meio da pandemia da Covid-19. Está há três anos em Cascavel com o marido e as duas filhas, depois de não ver mais perspectiva no país de origem.
As primeiras portas abertas para ela quando chegou à cidade, já sem recursos, foram as da Cáritas. Ela, hoje, é assistente de integração na área de documentação da entidade e pode retribuir o que recebeu, ajudando pessoas que passam por uma situação que ela conhece bem.
Além de ser ponto de apoio, a Cáritas passará também a ser moradia temporária para os que chegam e não têm para onde ir. Uma casa de passagem está sendo finalizada no próprio espaço da entidade. Até então o Albergue Noturno era a opção de abrigo. A novidade será inaugurada no próximo domingo, aproveitando a Semana do Migrante e do Refugiado, lembrada entre os dias 19 e 23 de junho. São cinco quartos com banheiro próprio, cozinha, lavanderia e sala de TV. Em uma parceria com a Itaipu Binacional a Cáritas contratou três funcionárias exclusivamente para atender aos imigrantes. Além de pagar o salário dessas profissionais, a Itaipu também doou R$ 95 mil reais para mobiliar toda a casa e continuará repassando mensalmente R$ 5 mil para alimentação e R$ 3,5 mil para compra de produtos de higiene e limpeza. Parte dos recursos também veio da própria Cáritas, arrecadados na horta comunitária, bazares e por doações.
A casa tem capacidade para 30 pessoas. Aqui, elas vão ter não só uma cama confortável para dormir, mas também alimentação, estrutura para higiene pessoal, apoio psicológico e jurídico. O tempo máximo de estadia será de 3 meses, período médio que o migrante leva para se estabelecer e recomeçar a vida.
Yolaine e família já não precisam mais dessa ajuda. A vida começou a mudar por aqui. Estão em um apartamento alugado, o marido trabalhando e ela recebe recursos do Governo por conta dos filhos. Eles saíram de Cuba pelas dificuldades financeiras. O caçula é um brasileirinho, nasceu aqui e será a oportunidade de a família conseguir residência oficialmente no Brasil.
A filha pode até não ter nascido aqui, mas já está muito bem adaptada e amando o novo país.