Em participação no programa Canal Livre, o Ministro dos Transportes, Renan Filho, defendeu o protagonismo do Brasil na transição energética, mas cobrou que os países ricos financiem a mudança nos países em desenvolvimento e adotem as soluções brasileiras, como o etanol e o biodiesel.
Questionado sobre o risco que a ascensão global dos veículos elétricos representa para o programa de etanol brasileiro, em vigor desde a década de 1970, o ministro foi direto: "Tá colocando [em risco], e eu acho que o Brasil deveria continuar caminhando para a transição para o elétrico, mas não abandonar o etanol, porque o etanol é um modelo de super sucesso internacional."
Renan Filho argumentou que o mundo cobra compromissos ambientais do Brasil, mas não adota as mesmas soluções. "O mundo poderia também utilizar essa transição [com etanol], mas não o faz", criticou. Ele citou que, se outros países adicionassem "3% ou 4% de etanol na gasolina deles", isso "reduziria muito a emissão de curto prazo".
O ministro reforçou que o Brasil já é um exemplo global. "O diesel usado no Brasil é o mais limpo do mundo, porque a gente tem 15% de biodiesel nele. (...) No mundo é zero", afirmou.
"COP da Implementação e do Financiamento"
O ministro caracterizou a conferência como a "COP da implementação" e do "financiamento", argumentando que a responsabilidade de custear a transição energética nos países em desenvolvimento é das nações ricas. Segundo ele, o presidente Lula "pediu ao mundo para incluir o biodiesel no combustível deles".
"Quem tem que pagar a transição energética dos países em desenvolvimento? Os países ricos", declarou o ministro. Ele se mostrou cético quanto à disposição dessas nações em cumprir os acordos, fazendo uma analogia com a taxação de bilionários. "Do mesmo jeito que o bilionário no Brasil não queria pagar imposto de renda, (...) os ricos também não querem pagar pela transição energética. Os países ricos."
Para o ministro, a transição para energias mais limpas é mais cara, e por isso os países ricos precisam assumir o custo, permitindo que nações de renda média como o Brasil continuem a se desenvolver.