Diretor do primeiro filme brasileiro a conquistar uma estatueta do Oscar, o carioca Walter Salles também recebeu os parabéns da direção do Botafogo nesta segunda-feira (3). Reconhecido torcedor alvinegro, o diretor de "Ainda Estou Aqui" ajudou o clube a comprar o terreno onde fica atualmente o Centro de Treinamento do time profissional, entre outros benefícios gerados à equipe alvinegra.
A dívida do clube com a família Moreira Salles foi negociada mais de uma vez nos anos seguintes, com prazo de até 30 anos para a quitação. O último acordo aconteceu em 2022, quando o clube se tornou Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e o próprio empresário americano John Textor negociou com os irmãos.
A pendência, que chegou a alcançar R$ 57 milhões (R$ 28,5 milhões para cada irmão), foi reduzida para R$ 34,6 milhões - R$ 17,3 milhões para cada. A cifra deverá ser quitada num prazo de 13 anos em parcelas mensais.
Botafogo e ditadura
"Ainda Estou Aqui" retrata o desaparecimento do deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar (1964 - 1985). Em 1968, o Botafogo teve a sua sede invadida por agentes do DOPS (Delegacias de Ordem Política e Social) e do SNI (Serviço Nacional de Informações) após abrigar cerca de 200 estudantes que participavam de uma manifestação contra o regime no bairro homônimo. A sede foi invadida pelos policiais e depredada na caça aos jovens.
De 1976 a 1981, o Botafogo foi presidido por Charles Borer, policial ligado ao SNI. Alvo de críticas ferrenhas e pedido de impeachment, ele vendeu a sede de General Severiano para a Vale do Rio Doce um ano após tomar posse, e é lembrado como o responsável pelo ostracismo do clube, que amargou 21 anos sem títulos até quebrar o jejum em 1989, com a conquista do Campeonato Carioca. O fim do mandato do presidente foi comemorado pelos torcedores com um "enterro" simbólico à época.