O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre o indiciamento sofrido pela Polícia Federal (PF), na última semana, e sugeriu que pode se refugiar numa embaixada caso tenha a prisão decretada ao fim do processo que apura o golpe de Estado.
Em entrevista ao portal Uol, o ex-mandatário ainda negou ter conhecimento da produção de um plano para prender ou matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Possível prisão
Questionado se cogita deixar o país em caso de condenação, Bolsonaro respondeu: "Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, né, quem se vê perseguido pode ir pra lá. Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado".
Sobre a minuta do golpe, que previa uma interferência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a eleição presidencial de 2022, o ex-presidente declarou que baseou a formulação do documento em princípios constitucionais.
"Minuta do golpe é baseada na Constituição. Para que serve a Constituição? É a nossa lei máxima. Eu entendo que ali é um norte para você seguir. Se tem um remédio ali, por que não discutir?", disse.
"Discutir um dos artigos da Constituição é algum crime? Foi levada avante alguma dessas possíveis propostas? O comandante do Exército falou sobre isso. Foi discutida a hipótese de GLO, de 142, de estado de sítio, estado de defesa. Qual é o problema de discutir isso aí?", questionou.
Medo de ser preso
Bolsonaro ainda chamou a condução do processo pelo Supremo Tribunal Federal como "arbitrário" e diz que corre, sim, o risco de ir para a cadeia nos próximos meses.
"Vivemos num mundo das arbitrariedades. Agora eu não posso ir dormir preocupado de que a PF vai estar na minha casa amanhã cedo. Eu já tive três [operações de] busca e apreensão, tá? Absurdas, absurdas. Corro risco, sem dever nada, corro risco. [O STF] Vai fazer a arbitrariedade, vamos ver as consequências", completou.
Nesta semana, a Procuradoria-geral da República recebeu o indiciamento realizado pela Polícia Federal e encaminhado para o STF. Além de Bolsonaro, outras 36 pessoas foram indiciadas. Caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, deliberar se apresenta ou não uma denúncia contra o ex-presidente, o que o tornaria réu na Suprema Corte.