O governador de Goiás, Ronado Caiado (União Brasil), lançou nesta sexta-feira (04), sua pré-candidatura à Presidência e não poupou críticas ao governo Lula (PT), à PEC da segurança segurança pública e à economia.
O que aconteceu:
Caiado se lançou pré-candidato em Salvador, ao lado de Antônio Carlos Magalhães Neto e do senador Sergio Moro (União Brasil). Seu discurso se concentrou em ataques ao presidente e no tema da segurança, visto com principal preocupação do brasileiro. "Querem colocar em pauta o Sistema Único de Segurança Pública. O Caiado desmascarou o presidente Lula na frente dele dizendo 'você quer tirar prerrogativa de estados.' Isso aí é dar poderes à bandidagem", disse ele em relação à PEC da segurança pública do ministro Ricardo Lewandwski.
Caiado é o único governador que apresentou divergência em relação à proposta do Ministério da Justiça de compartilhamento de banco de dados entre as polícias. 'Lá de Brasília querer achar que o iluminado vai saber como acontece a criminalidade na Bahia, no Ceará, em cada região do país", afirmou. O governador de Goiás tem como bandeira de campana o combate à criminalidade.
Caiado também direcionou parte das críticas à economia sob o governo Lula, como a taxa de juros elevada pelo Banco Central. "Ele [Lula] toma duas medidas características de incompetente, passa a responsabilidade aos estados e aos prefeitos."
Governador de Goiás associou queda na popularidade de Lula à "falta de diálogo com a juventude". Segundo pesquisa Quaest contratada pela Genial Investimentos divulgada nesta semana, a desaprovação ao governo Lula (PT) atingiu 56% em março. "[Lula] acha que o jovem quer carteira assinada, ele está enganado. O jovem está é antenado à TI [tecnologia da informação], na inteligência artificial e no empreendedorismo".
Caiado aparece 14 pontos atrás de Lula em simulação da Quaest para 2026. O levatamento divulgado ontem mostra que o presidente tem 44% das intenções de voto contra 30% de Caiado. Numericamente ele é nome da direita com pior desempenho contra Lula na pesquisa. O mais bem colocado é Bolsonaro, que está inelegível, e aparece em empate técnico com o petista.
Ele também criticou a posição do país no cenário internacional. "Governo Lula não tem plano de governo, não sabe a que veio", disse. "Se avaliarmos o Brasil no G-20, o Brasil está perdendo espaço. Se avaliarmos o Brasil nos Brics, só está ficando para nós a África do Sul, estamos crescendo só para baixo. É o Brasil perdendo para a Rússia, para a China, a Índia."
Sem citar nomes, Caiado criticou a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. "Tem uma líder lá, foi colega nossa no parlamento, no Senado, todo mundo sabe que a única característica que ela tem é não saber articular, ele botou como secretária de articulação política do governo. É um elefante numa casa de louça''
Outras pautas apareceram no discurso com menor destaque como saúde e educação. Caiado disse ter acabado com o crime organizado em Goiás. Ele repetiu o slogan de campanha de que "em Goiás, ou o bandido muda de profissão ou muda de estado." Durante o ato, o governador recebeu o título de Cidadão Baiano e Comenda 2 de Julho [honraria da Assembleia Legislativa da Bahia].
Lançamento de pré-candidatura sem presenças importantes
Evento foi marcado por ausências importantes. Não dividiram o palanque com o governador o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre. A direção nacional do partido foi representada pelo vice-presidente e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. O cantor sertanejo Gusttavo Lima, que recentemente recuou da ideia de se lançar à disputa à presidência da República, também não esteve no ato.
Caiado ficou ao lado de Moro, que também voltou a criticar Lula e defender presos pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. O senador criticou a economia e também citou combate à criminalidade. "O que era picanha virou abóbora, virou ovo e, agora, não virou nada." O senador fez críticas diretas ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Moro disse que não se "justifica mulheres que se excederam estarem na cadeia". O senador fez referência ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues, que virou símbolo para bolsonaristas na campanha pela anistia ao condenados pelos ataques à sede dos três Poderes e por crimes contra a democracia. A cabeleireira, conhecida por ter pichado a estátua da Justiça, que é acusada por cinco crimes e obteve o direito à prisão domiciliar há uma semana, após ficar dois anos na cadeia.
Apoiador de Lula em 2022, o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força esteve no ato de Caiado. Também estiveram no evento o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), o atual prefeito Bruno Reis (União), o vice-governador de Goiás Daniel Vilela (MDB) e o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ).