A Justiça argentina negou nesta quarta-feira (11) um pedido do Ministério Público do país para que a ex-presidente Cristina Kirchner, condenada a seis anos de prisão, fosse apreendida imediatamente. A Suprema Corte do país definiu que a líder da oposição ao governo de Javier Milei se apresente em quatro dias para iniciar o cumprimento da pena. Por ter mais de 70 anos, ela pode optar pela prisão domiciliar.
Na terça (11), a Suprema Corte decidiu, de forma unânime, manter a prisão da ex-presidente e a tornar inelegível. Ela foi acusada de chefiar uma associação criminosa que desviou verba pública durante o governo de seu marido, Nestor Kirchner e seu próprio governo. De acordo com a denúncia, Cristina favoreceu um empreiteiro em licitações de obras públicas em Santa Cruz, onde os Kirchner começaram suas trajetórias políticas.
Lázaro Báez conseguiu o contrato para realizar 51 obras que não foram concluídas ou passaram do orçamento previsto. De acordo com as investigações, a empresa desapareceu depois que Cristina deixou o governo. Os procuradores afirmam que o esquema causou um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Em um discurso logo depois do julgamento, Cristina afirmou ser vítima de perseguição e que a sentença já estava definida pelos juízes – a quem se referiu como “fantoches” que respondem a "respondem a líderes naturais muito acima deles".
A decisão já havia sido confirmada em duas instâncias anteriores da Justiça argentina. Cristina é a primeira ex-chefe do Executivo de seu país condenada por corrupção. Segundo o jornal argentino La Nación, ela ouviu a sentença ao lado de dirigentes e apoiadores na sede do seu partido. Já o Clarín diz que há bloqueios em vias que dão acesso a Buenos Aires.
Cristina foi presidente da Argentina entre 2007 e 2015, substituindo seu marido, Nestor Kirchner, que ficou no governo entre 2003 e 2007. Ela não conseguiu fazer seu sucessor e foi substituída por Maurício Macri, aliado de Milei e em 2019 voltou ao governo como vice de Alberto Fernández – com quem não teve boa relação e rompeu no meio do mandato.