O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a intensificação dos ataques contra narcotraficantes na Venezuela e revelou que ações terrestres no país ocorrerão "muito em breve". A declaração foi feita em um evento no Salão Oval na noite de quinta-feira, 11.
Questionado sobre a apreensão de um navio petroleiro perto da costa da Venezuela, Trump justificou a operação e acusou o governo de Caracas de ter enviado criminosos intencionalmente aos EUA como imigrantes.
"Eles nos trataram de forma ruim, e agora nós não estamos tratando eles tão bem", disse Trump. O presidente americano afirmou ter diminuído em 92% a entrada de drogas pelo mar nos EUA desde que o país começou a abater embarcações no Caribe e no Pacífico. "E nós vamos começar [a agir] por terra também. Vai começar por terra muito em breve", acrescentou.
Ações no mar e justificativas
Na quarta-feira, 10, os Estados Unidos apreenderam um grande navio petroleiro na costa da Venezuela, em meio ao aumento das tensões entre Washington e Caracas. "Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande petroleiro, muito grande — o maior já apreendido, na verdade", disse Trump a jornalistas.
O presidente não deu detalhes adicionais sobre a operação, mas afirmou que "outras coisas estão acontecendo" e que "vocês verão mais adiante". Dois oficiais americanos, sob condição de anonimato, afirmaram que a apreensão ocorreu após um "planejamento deliberado" e que não houve resistência da tripulação ou vítimas.
O navio abatido era utilizado há anos pela Venezuela e pelo Irã para transportar petróleo, mesmo sob sanções internacionais contra ambos. A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, afirmou que o navio foi apreendido na quarta-feira. Ela também divulgou um vídeo que mostra a Guarda Costeira apreendendo o petroleiro na costa da Venezuela.
Desde setembro, os Estados Unidos têm atacado embarcações na região que, segundo o governo Trump, traficam drogas. As forças armadas lançaram 22 ataques conhecidos, matando mais de 80 pessoas.
Trump também ordenou um aumento das forças americanas na região, com mais de 15.000 soldados e uma dúzia de navios no Caribe. O presidente americano autorizou ações secretas contra a Venezuela e já havia alertado que os Estados Unidos poderiam "muito em breve" expandir seus ataques de barcos na costa venezuelana para alvos dentro do país.
Resposta da Venezuela
O governo da Venezuela respondeu à apreensão do navio em um comunicado, classificando-a como um "roubo flagrante e um ato de pirataria internacional".
O comunicado venezuelano afirma que o ocorrido revela as "verdadeiras razões para a agressão prolongada contra a Venezuela". "Sempre se tratou dos nossos recursos naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", disse a nota.
Washington enviou uma flotilha de navios e aviões de combate ao Caribe em agosto, com o argumento de lutar contra o narcotráfico. Caracas, contudo, considera que essa mobilização busca derrubar o ditador Nicolás Maduro e se apropriar das reservas de petróleo do país.
O governo americano desenvolveu uma série de opções de ação militar no país, que incluem atacar Maduro e assumir o controle dos campos de petróleo. Trump, no entanto, expressou repetidamente reservas sobre uma operação para derrubar Maduro, em parte por medo de que ela possa fracassar.
A operação de quarta-feira ocorreu no mesmo dia em que o Prêmio Nobel da Paz foi concedido formalmente à dissidente venezuelana María Corina Machado. A filha da ativista recebeu o prêmio em seu nome em Oslo.