Com o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) consolidado como feriado nacional desde 2023, a data se reafirma como um marco para a luta e reflexão sobre as questões étnico-raciais no Brasil.
Em entrevista, a professora Marleide Perrud, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), destacou a importância da data, que marca a morte de Zumbi dos Palmares, como um dia para debater as políticas de promoção da igualdade racial.
Dívida Histórica e Necessidade de Reparação
A professora sublinhou que o Brasil carrega uma "dívida impagável" com a população negra, fruto de séculos de escravização que ainda marcam as famílias brasileiras.
"Nós precisamos pautar essas discussões e trazer à tona a necessidade de reparação. De reparação histórica, de reparação política, de reparação educacional à população brasileira, e o 20 de novembro é a data", defendeu Marleide.
O Papel da Universidade e das Ações Afirmativas
O NEAB/UEL atua há mais de 10 anos na formação de professores das redes municipal e estadual, com o objetivo de implementar a Lei 10.639/2003, que torna obrigatória a inserção da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares.
Em relação às ações afirmativas (cotas raciais) no Ensino Superior, a coordenadora afirmou que elas continuam sendo necessárias. Segundo Marleide, é preciso superar uma "longa caminhada de reparação histórica" de 500 anos de não acesso dessa população a direitos básicos, como educação e saúde.
Após 21 anos de políticas afirmativas na UEL, os resultados são visíveis: "Hoje que nós estamos observando o acesso dessas pessoas que acessaram a universidade ocupando espaços na saúde, no direito, na educação".
O avanço é notável, com juventude mais atenta ao racismo e um debate nacional sobre a importância de a população negra ocupar espaços de poder. Contudo, a professora alerta que o combate ao racismo ainda depende de mais financiamento para promover ações educativas e culturais.