A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) expressou preocupação com os impactos econômicos da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre importações do café solúvel brasileiro. A medida foi oficializada nesta terça-feira (30) por meio de ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, como parte de um pacote de sanções contra o Brasil.
Segundo a ABICS, os Estados Unidos importaram, em 2024, o equivalente a 780 mil sacas de 60 kg do produto brasileiro, o que representa cerca de 20% de todo o volume exportado pelo Brasil. Atualmente, o país é o principal destino do café solúvel nacional e responde por mais de 25% das importações do produto realizadas pelo mercado norte-americano, posicionando-se como o segundo maior fornecedor dos EUA.
A nova tarifa, porém, coloca o Brasil em desvantagem competitiva.
“Entre os principais fornecedores do produto aos Estados Unidos, o Brasil será o país mais penalizado. Enquanto o México poderá continuar exportando sem tarifa e outros concorrentes enfrentarão taxas entre 10% e 27%, o café solúvel brasileiro será taxado em 50%, o que pode resultar em perda expressiva de mercado”, alertou a entidade, em nota assinada pelo presidente Fabio Sato e pelo diretor executivo Aguinaldo Lima.
A ABICS informou que já está em diálogo com a National Coffee Association (NCA), dos Estados Unidos, e com autoridades do governo brasileiro para tentar reverter a decisão ou, ao menos, garantir a isenção das tarifas para o setor cafeeiro.
“Estamos confiantes de que o bom senso prevalecerá e que será possível preservar um mercado estratégico para o Brasil e os próprios consumidores norte-americanos”, destacou a associação.
O Brasil é o maior produtor e exportador global de café, incluindo o solúvel, enquanto os Estados Unidos lideram o consumo mundial da bebida. A medida anunciada por Trump faz parte de um pacote mais amplo de retaliações econômicas contra o Brasil, que inclui também tarifas sobre produtos como aço, carne, celulose, alumínio e químicos.
O impacto sobre o café solúvel preocupa especialmente por envolver um setor que agrega valor à cadeia produtiva e impulsiona a exportação de produtos industrializados. Segundo a ABICS, o momento exige articulação e estratégia para defender a competitividade da indústria brasileira diante de um ambiente externo cada vez mais desafiador.