Os exportadores brasileiros de café ainda estão tentando negociar as tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump, mas, enquanto não há diálogo nem acordo, as associações também tratam de buscar a ampliação de alguns mercados, que podem absorver parte do café que deixará de ser exportado para os Estados Unidos. A China, por exemplo, habilitou, 183 novas empresas brasileiras do setor.
O Brasil, reconhecido como o maior produtor e exportador de café do mundo, está enfrentando desafios no cenário internacional devido à sobretaxa de 40% ao produto - o que impõe, ao final, a taxa de 50%. De um lado, produtores rurais estão preocupados com a próxima safra e os exportadores, mais ainda, já que a abertura de novos mercados não é um processo rápido. Os Estados Unidos é o maior consumidor de café do mundo e somente em 2025, compraram 3,3 mil sacas do café brasileiro.
Nesta semana, quando as tarifas americanas entraram em vigor, a China anunciou que autorizou 183 empresas brasileiras a exportar café para lá, indicando uma abertura significativa no seu mercado para o produto brasileiro. "Nesse sentido, acho que o governo brasileiro tem feito um trabalho importante também junto à Apex Brasil, de aumentar o número de estabelecimentos no mercado chinês habilitados a importar café brasileiro", destacou o diretor do Conselho Empresarial Brasil-China, Tulio Carrielo.
Carrielo ressaltou que a tomada de decisão representa uma oportunidade muito grande para o setor cafeeiro brasileiro agregar maior valor às exportações em um setor que o Brasil é muito competititivo como o de cafés. Ele ainda destaca a estratégia de valorização do café brasileiro especialmente em um país tradicionalmente conhecido pelo consumo de chás, como a China,. Nos últimos anos, o consumo de café na China dobrou de 3 milhões de sacas para 6 milhões de sacas por ano.
Em 2023, as importações brasileiras de café para a China aumentaram 275%. Este crescimento impressionante reflete o potencial do mercado chinês, que com mais de um bilhão de habitantes, começa a apreciar um dos maiores tesouros brasileiros. “Os canais estão abertos para o Brasil, que já exporta para a China”, avalia o especialista em mercado agrícola da Stonex, Fernando Maximiliano. "É uma questão estritamente comercial, de fazer as pontes com empresas chinesas", disse.
Mas, apesar do mercado chinês ser promissor, ainda não é suficiente para absorver todo o volume de café que era destinado aos Estados Unidos. Isso implica na necessidade de ampliar e diversificar ainda mais os mercados para o café brasileiro, ampliando as vendas para os países da União Europeia, por exemplo, ou encontrar novos mercados. E, equanto o desafio com o tarifaço persiste, os exportadores brasileiros estão adaptando suas estratégias para garantir que o café brasileiro continue sendo uma commodity de sucesso global, explorando novos horizontes e consolidando a presença em mercados já estabelecidos.