No Paraná, pesquisadores da Universidade Federal estão empenhados em desenvolver uma solução inovadora para evitar a extinção dos jumentos no Brasil, uma espécie cada vez mais ameaçada devido à exploração comercial intensiva. O foco do problema reside na alta demanda pela pele do animal, utilizada principalmente para a extração de colágeno, um componente essencial na produção do egial, um produto valorizado na medicina tradicional chinesa.
O comércio do colágeno de jumento para as indústrias chinesas movimenta cerca de 7 bilhões de dólares, aproximadamente 38 bilhões de reais. Na Bahia, três abatedouros licenciados exportam jumentos para a China desde 1996, resultando no sacrifício de mais de um milhão de animais na região, o que causou uma redução de 94% na população desses animais no Brasil nos últimos 20 anos.
Diante dessa drástica diminuição, uma das alternativas que está sendo testada nos laboratórios da Universidade Federal do Paraná envolve a engenharia genética para a produção de colágeno sem necessidade de abate dos animais. Os pesquisadores extraem amostras de DNA do jumento, isolam a parte genética que codifica o colágeno e inserem-na em leveduras, um tipo de fungo utilizado na produção de cerveja. Esse método poderia garantir o fornecimento contínuo da matéria-prima sem colocar a espécie em risco.
A pesquisadora responsável pelo estudo sublinhou a importância de suspender temporariamente o abate de jumentos para preservar a biodiversidade genética. "Seria muito importante pensar é nessa suspensão do abate para que a gente preserve os animais, para a gente preserve essa biodiversidade genética, até que a gente tenha essa forma ilimitada de oferecer o produto que a população chinesa demanda", explicou.