Em paralelo as discussões em torno das tarifas de 50% que os Estados Unidos decidiram impor a produtos brasileiros, um novo assunto na relação bilateral entre os países ganhou destaque e despertou a atenção da internet: as terras-raras.
Na última semana, durante uma reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou o interesse do governo dos EUA nos depósitos brasileiros desses minerais.
As chamadas terras-raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia, como smartphones, carros elétricos, placas solares, turbinas eólicas e até equipamentos militares. Apesar de utilizados em pequenas quantidades, esses minerais são demandados para a transição energética global.
O Brasil ocupa papel central nesse cenário. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o país possui cerca de 25% das reservas conhecidas de terras-raras no mundo, sendo o segundo maior detentor global, atrás apenas da China - justamente o país do qual as economias ocidentais, como os EUA, tentam reduzir a dependência.
O assunto repercutiu na imprensa e também no Google, e fez saltar o interesse de busca pelo assunto na última semana. O Brasil registrou o maior movimento de buscas sobre terras-rara da última década. Um número mais do que três vezes superior à média de 2024.
Por que terras-raras são tão valiosas?
Apesar do nome, esses minerais não são exatamente raros na natureza. O grande desafio está na extração e no refino, já que são encontrados em concentrações muito pequenas e exigem processos complexos de separação.
No Brasil, há concentrações de terras-raras em Minas Gerais, Bahia, Amazonas e Goiás, onde está localizada a única mina de argila iônica fora da Ásia, na região de Minaçu.
Com a crescente demanda por tecnologias limpas e eletrificação da economia, a procura por esses minerais tende a aumentar, e o Brasil pode se tornar um protagonista no mercado global.
Interesses dos Estados Unidos
O governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa diante do interesse do governo de Donald Trump. Em declarações recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país não pretende abrir mão do controle sobre seus recursos estratégicos, enfatizando que “aqui ninguém põe a mão”.
A fala é interpretada por analistas como uma sinalização clara de soberania e uma possível mudança na forma como o Brasil conduz negociações internacionais envolvendo seus potenciais naturais.