A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), inaugura uma nova etapa no processo que envolve a condenação por tentativa de golpe de Estado.
O próximo passo ocorrerá já neste domingo (23), quando Bolsonaro participará de uma audiência de custódia, marcada para as 12h, por videoconferência, diretamente da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal — local onde permanecerá detido.
A audiência é um procedimento obrigatório previsto pela legislação brasileira e internacional para verificar a legalidade da prisão, eventuais abusos, condições de integridade física e psicológica do detido, além de confirmar se as garantias constitucionais foram observadas no ato de captura.
O encontro será conduzido por um magistrado designado pelo STF e deverá contar com representantes da defesa e do Ministério Público.
O que está em jogo na audiência
Embora a audiência não sirva para reavaliar o mérito da decisão de Moraes, ela poderá definir ajustes nas condições de custódia, como protocolos de saúde, regras de visitação e acesso a advogados.
A decisão de manter ou revogar a prisão preventiva, no entanto, permanece sob competência do ministro relator e da Primeira Turma do STF, que ainda deverá referendar a ordem nos próximos dias, em sessão virtual extraordinária convocada para 24 de novembro.
Segundo o documento que embasa a prisão, Bolsonaro será mantido sob atendimento médico integral — em regime de plantão — e só poderá receber visitas previamente autorizadas pelo Supremo, com exceção de seus advogados e da equipe de saúde responsável. Todas as permissões de visita que estavam em vigor na ação penal 2.668/DF foram canceladas.
Por que Bolsonaro foi preso?
Moraes justificou a prisão preventiva com base no risco concreto de fuga e no que classificou como “tentativa articulada de tumulto” promovida por aliados do ex-presidente. Entre os elementos citados estão:
- a convocação de uma vigília política por Flávio Bolsonaro;
- o histórico de tentativas de evasão atribuídas a aliados próximos, como Alexandre Ramagem e Carla Zambelli;
- a proximidade da residência de Bolsonaro com embaixadas estrangeiras;
- e a violação registrada na tornozeleira eletrônica às 0h08 desta madrugada, indicando possível preparação de fuga.
Segundo o ministro, a manutenção da prisão domiciliar — em vigor até esta manhã — tornou-se inviável diante da escalada de risco, mesmo com monitoramento constante por equipes da Polícia Federal e da Polícia Penal do Distrito Federal.
Próximos desdobramentos
Após a audiência de custódia, a próxima etapa formal será o referendo da decisão pela Primeira Turma do STF, agendado para segunda-feira (24). Os ministros irão avaliar se mantêm ou não a ordem de prisão preventiva.
Paralelamente, a equipe jurídica de Bolsonaro deve concentrar esforços em pedidos de habeas corpus e eventuais recursos para tentar reverter a medida, alegando fragilidade dos fundamentos e condições de saúde do ex-presidente.
Se a prisão preventiva for mantida, o ex-presidente permanecerá custodiado na PF até o trânsito em julgado definitivo da condenação de 27 anos e 3 meses imposta na Ação Penal 2.668/DF, ou até eventual reavaliação futura das condições impostas.
Clima político deve se intensificar
A decisão desencadeou forte reação entre aliados e apoiadores do ex-presidente, que classificam a prisão como “perseguição política” e prometem mobilizações nos próximos dias.
O governo federal e instituições de segurança, por outro lado, monitoram possíveis desdobramentos após o chamado público à vigília e à resistência.
Enquanto isso, Bolsonaro enfrenta um dos momentos jurídicos e políticos mais delicados desde que deixou a Presidência. A audiência de custódia de domingo será seu primeiro contato direto com o Judiciário após a ordem de prisão — e marcará o início de uma nova fase do processo.
Bolsonaro foi preso preventivamente por determinação do ministro Alexandre de Moraes, que apontou risco de fuga, descumprimento de medidas cautelares e tentativa de tumultuar decisões judiciais. O ex-presidente foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado e cumpre a ordem de prisão na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde passará por audiência de custódia. A Primeira Turma da Corte decidirá, nos próximos dias, se mantém ou não a prisão. A defesa nega irregularidades, afirma que Bolsonaro não tentou fugir e contesta as acusações.