As obras de duplicação da BR-163 entre Cascavel e Marmelândia começaram em 2014, e o que era para ser uma história com final feliz se tornou um pesadelo. O Grupo Tarobá de Comunicação preparou uma série de reportagens que retratam o enredo de um sonho que parou no tempo.
O ano 2014 foi um marco para as regiões Oeste e Sudoeste do Paraná com o início da tão sonhada duplicação da BR-163. O ritmo dos trabalhos era bom, mas durou pouco. A obra simplesmente parou e a espera dura oito anos.
Os discursos da época davam ênfase na novidade do pavimento em concreto e a promessa de vida útil de 20 anos. Expectativa que não se confirma. O primeiro trecho liberado liga Cascavel a Lindoeste, cerca de 30 km. São menos de dois anos de uso e muitos defeitos apareceram.
E quem precisa passar todos os dias pelo local sofre. O seo Osni que é caminhoneiro conhece bem as condições da estrada e não está feliz com essa situação "antes do primeiro ano já fizeram um conserto até grande bom ali. Não sei se é mal feito, ou se é pela chuva. Diziam que era para 20 anos, mas está durando menos do que o asfalto preto".
E os buracos estão em vários pontos da rodovia. Há locais em que a pista nova apresenta várias fissuras. A Controladoria Geral da União abriu investigação e atestou fatos graves entre eles sobrepreço, superfaturamento e "elementos da rodovia com problemas de construção e funcionamento. Foi recomendada a "correção dos serviços em obras com problemas".
Segundo o Alexsander Maschio, gerente da regional sul da Associação Brasileira do Cimento Portland várias situações favorecem os problemas. "Um dos fatores que pode contribuir é o excesso de carga. Qualquer projeto de engenharia dimensionado para estrutura com cargas legais e com aquele excesso de carga permitido na lei por eixo. Uma carga além disso vai impactar na estrutura", explica o gerente.
O contrato com o consórcio vencedor da licitação foi prorrogado quatro vezes, segundo o DNIT, por falta de recursos orçamentários. E 30 de dezembro de 2022 é a data final, com promessa de retomada em maio.
Enquanto isso, os desafios continuam para quem segue no local. Segundo Alexsander, "quando você não concluí a obra, você não tem a drenagem concluída. Tem passagem de água em alguns lugares que não eram para passar. Quando começa a ter água e um solo que não está compactado de forma adequada, começa a gerar os problemas".
"Patologias no pavimento de concreto podem ser decorrentes de diversos fatores. E que tais ocorrências deverão ser corrigidas pela empresa contratada, sem custo para o DNIT, considerando sua reponsabilidade pela solidez da obra." Por enquanto, esperança e receio caminham na mesma estrada.
Nós entramos em contato com o consórcio responsável pela obra, mas não houve retorno.