Ainda olhamos para o céu com certa incredulidade. O silêncio ainda faz eco. A dor ainda reverbera. A turbulência dos dias revelou suas marcas.
Um ano se passou desde 9 de agosto. A viagem de Cascavel a Guarulhos, que de um jeito doído antecipou seu fim em Vinhedo. Ainda há uma névoa de dúvidas, como um véu que cobre o que não conseguimos compreender: seria um fio de gelo que se acumula nas alturas, que, na sua frieza, levou vidas e sonhos? Será que os limites financeiros e pressões de rotina se tornaram gotas invisíveis que fortaleceram uma corrente de desatenção ou descuido?
Algumas respostas vieram, como sussurros de uma verdade que se tentou esconder na penumbra. Justiça? Talvez. Ou apenas uma constatação de que tudo poderia não ter acontecido daquele jeito.
Nos rostos que desapareceram da nossa vista, ficaram traços de memórias. Rostos que, antes, conversavam conosco, sorriam, partilhavam momentos — partes da nossa trajetória que agora parecem ter sido apagadas da realidade. Cada nome, cada história, uma peça de um mosaico incompleto.
Ainda se carrega a esperança de entender — embora o silêncio do porquê ainda seja tão pesado. Talvez porque o que se busca vai além de respostas formais; procura-se um entendimento mais profundo, um perdão silencioso, uma certeza de que nada foi em vão.
E, apesar da sombra que ainda resta, continuamos a olhar para o céu, com olhos que buscam luz em meio à escuridão, com uma fé que insiste em resistir. Porque, no fundo, o maior desejo é que, mesmo ausentes, aqueles rostos que desapareceram possam, de alguma forma, permanecer vivos em ações, na lembrança construída, no amor cultivado. E assim, quem ficou segue, atravessando as nuvens, buscando um chão firme para o coração.