Cidade

Uso descontrolado de "canetas emagrecedoras" preocupa especialistas em Londrina

11 dez 2025 às 12:10


O termo "canetas emagrecedoras", que se refere a medicamentos injetáveis originalmente indicados para o tratamento de diabetes e obesidade crônica, tem ganhado notoriedade, mas o uso sem acompanhamento médico tem alertado especialistas em Londrina. 


A preocupação aumenta com o registro de contrabando: em apenas uma semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu quase mil ampolas desses medicamentos somente na região de Londrina. Os produtos são oriundos do Paraguai e são revendidos no Brasil sem a devida fiscalização e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


A alta procura levou muitos brasileiros a buscarem o medicamento no país vizinho, onde a comercialização é feita de forma ostensiva. Uma mulher entrevistada pela equipe da Tarobá, que viajou ao Paraguai e adquiriu a medicação, relatou a facilidade: "Lá tem propaganda em todo lugar. Toda farmácia eles oferecem". No Brasil, medicamentos como Mounjaro, Ozempic e Wegovy, que possuem o princípio ativo da tirzepatida e são indicados para o tratamento de obesidade crônica e diabetes tipo 2, devem ser vendidos sob prescrição.


O médico endocrinologista Otton Raffo explicou a ação desses medicamentos no organismo: quando injetados, eles simulam hormônios intestinais que causam uma falsa sensação de saciedade. Isso, a princípio, permite que a pessoa mantenha uma dieta equilibrada. Contudo, o especialista alerta para os riscos do uso incorreto ou sem acompanhamento. "Quando o efeito passa, ela volta a engordar, o que pode provocar o efeito sanfona e não algo duradouro", disse o endocrinologista. Além disso, o uso inadequado expõe o paciente a efeitos colaterais como vômitos, náuseas e até problemas mais sérios na tireoide e vesícula.


Para garantir a segurança, o endocrinologista reforça que o uso dos injetáveis exige acompanhamento médico especializado. Além disso, a conservação é crucial, sendo necessário manter o medicamento refrigerado. No Brasil, eles são comercializados no formato de caneta descartável, que facilita a aplicação e a refrigeração. Já no Paraguai, o produto contrabandeado é vendido em ampolas, exigindo que o paciente utilize uma seringa, aumentando os riscos de erro na dosagem e de contaminação, especialmente pela falta de controle da cadeia de frio no transporte.