A logística do agronegócio brasileiro, especialmente no escoamento da soja, enfrenta um grave gargalo que compromete a economia e a segurança rodoviária. A principal solução para este problema, a Ferrogrão, está paralisada há cinco anos por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mato Grosso, que recentemente colheu a maior safra de soja de sua história, com mais de 50 milhões de toneladas, vê boa parte dessa produção enfrentar desafios no transporte entre as lavouras e os portos. O principal problema está na BR-163, uma rodovia que não é duplicada, não tem acostamento e é a única via de acesso entre a maior região produtora de soja do país e o Porto de Miritituba, no Pará.
A situação na BR-163 é crítica. Apenas 28% da rodovia é duplicada, e acidentes são comuns. Quando ocorrem, a pista fica totalmente interditada, gerando longas filas de caminhões, que podem se estender por mais de 30 km.
A solução para reduzir o custo de produção e otimizar o escoamento é a Ferrogrão, um projeto de estrada de ferro que liga Sinop, no norte de Mato Grosso, a Miritituba, no Pará, em um trajeto de pouco mais de 900 km.
A ferrovia tem o potencial de:
Reduzir o custo do frete em até 40%;
Baratear o alimento para o consumidor final, já que a soja e o milho se transformam em ração animal (frango, bovino e suíno);
Diminuir o número de acidentes rodoviários na BR-163.
No entanto, o projeto está parado desde 2020 por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A suspensão atendeu a um pedido do PSOL, que alega que o traçado da ferrovia corta o Parque Nacional do Jamanxim e, por isso, não deve ser construída.
Os responsáveis pelo projeto da Ferrogrão contestam, afirmando que a obra afetaria apenas 1% do parque.
O grande desafio atual é avançar na logística do país sem comprometer o meio ambiente. É urgente que os órgãos responsáveis se unam para encontrar uma solução para o impasse da Ferrogrão, beneficiando toda a cadeia produtiva e o consumidor.