Em Mato Grosso, excesso de chuvas. No Rio Grande do Sul, estiagem. Esse cenário tão contraditório é a realidade enfrentada por milhares de produtores rurais brasileiros na última semana de janeiro e pode comprometer a safra de soja nacional, estimada em 170 milhões de toneladas.
Em Mato Grosso, estado que mais produz grãos no Brasil, a previsão indica que a chuva deve continuar atrapalhando a colheita nas próximas semanas. O processo de colheita já está, segundo o Instituto Matogrossense de Economia Aplicada (Imea), atrasado em 1,41% em relação ao mesmo período do ano passado.
Na região, tradicionalmente,a colheita de soja ocorre até meados do dia 20 de fevereiro, mas os mapas de acumulados dos próximos 15 dias indicam chuvas de mais de 200 milímetros e, em algumas áreas, esses volumes pode chegar até aos 600 milímetros em regiões específicas da faixa central do país. Na região, a chuva também pode prejudicar a produção de milho.
Ja no Rio Grande do Sul, o problema é a seca, que pode comprometer severamente as lavouras de soja plantadas no estado. A estiagem atingiu as plantações em estágeio de desenvolvimento e, por isso, boa parte delas não se desenvolveram. A expectativa é de uma quebra de safra de 80%.
De acordo com a EarthDaily Agro, empresa de monitoramento de lavouras via satélite, os três estados da região Sul enfrentam problemas com a estiagem. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm enfrentado baixa precipitação desde dezembro, com impactos claros nas condições das lavouras, conforme apontado pelo índice de vegetação (NDVI).
No Rio Grande do Sul, a umidade do solo diminuiu drasticamente nas últimas semanas, e mesmo com previsão de chuva nos próximos dias, o volume esperado parece insuficiente para recuperar as condições das lavouras. O NDVI apresenta sinais de deterioração, embora em níveis melhores que os dos anos críticos de 2022 e 2023.
Até meados de dezembro, o volume de chuvas em Santa Catarina foi considerado satisfatório. No entanto, a seca ganhou força em janeiro, causando deterioração evidente no NDVI, ainda que este esteja em níveis superiores aos de 2022. No Paraná, desde o final de dezembro, as lavouras têm apresentado dinâmica negativa no índice de vegetação, indicando uma possível quebra de safra para o ciclo atual.
A estiagem também atinge outras regiões do Brasil, como o Vale do São Francisco, que é um dos principais produtores de frutas do país. O Agro Band desta segunda-feira (27) mostra como estão as condições climáticas nesta região.